1932 Packard 903 Deluxe Eight Roadster Coupe
Falaremos um pouco de um dos automóveis mais representativos do Museu
Paulista de Antiguidades Mecânicas em todas as épocas: O Packard "1931"
amarelo. Notem que coloquei o ano entre aspas. A explicação é simples:
Analisando o número de motor, cheguei à conclusão de que não é um carro
de 1931, mas sim um automóvel de 1932. Irei explicar: Em 1931, a
Packard apresentaria no Salão de Nova Iorque sua Nona Série, a qual é
correspondente ao ano-modelo 1932. Não obstante, havia alguns Packard
tipo 840 da Oitava Série que saíram de fábrica com um "Kit" Nona Série, o
qual incluía colete de radiador mais "bicudo", pára-choques novos e
faróis novos, exatamente iguais aos modelos da nona série. Desta forma, a
diferença maior estaria na distância entre eixos, motor e no painel -
enquanto a Oitava Série ainda mantinha um painel mais simples, a Nona
Série de 1932 já apresentava um painel mais rebuscado, com moldura e
vincos, indicando a tendência que se seguiria nas séries seguintes.
Portanto, acreditávamos que este automóvel era um Packard ano 1931 tipo
840 com um kit do modelo 1932 da Nona Série, mas o número de motor e o
número da carroceria refutam quaisquer dúvidas: É um Packard tipo 903 de
carroceria 519, a qual corresponde ao modelo Deluxe Eight Roadster
Coupe. Outra descoberta: Na Nona Série (chamaremos a partir de agora de
9th), os Packard de carroceria Dietrich eram de carrocerias especiais,
os Tipo 904, com carroceria 2071, a qual corresponde ao modelo
Individual Custom Convertible Coupe por Dietrich.
O carro em questão fora encontrado por Lee em péssimo estado de
conservação. Pertencia a um senhor alemão e levou um bom tempo até que
sua restauração fosse completada. Percebemos a dificuldade ao olharmos
para as rodas: Por conta da ausência de pneus de aro 21" na medida
correta do Packard, Lee optou por trocar as rodas originais do carro por
rodas aro 19" de um Lincoln 1929, que usavam pneus mais fáceis de serem
encontrados no Brasil naquela época. Este foi o quarto automóvel da
coleção de Roberto Lee (1-Packard Victoria 1934; 2-Talbot Sport 1926,
ainda no acervo; 3-Hispano Suiza 1911, que está com a filha do Lee).
Dizem as lendas de que este tanque de 3 toneladas arrancou o pára-choque
de um Fordinho 1929, isto durante uma enroscada de pára-choques em uma
corrida de calhambeques em Curitiba...
Após restaurado, foi um dos automóveis antigos da época a figurar dois
momentos importantes na divulgação do novo hobby que surgira: Participou
do primeiro Salão do Automóvel em um stand do Veteran Car Club e foi
matéria da então recém lançada revista "4 Rodas", onde pousou ao lado do
seu irmão - um 11th series Victoria ano 1934, que também pertenceu a
Roberto Lee e que hoje está em uma coleção paulista, bem
escondidinho...
Finalizamos por aqui o histórico do melhor automóvel do atual acervo -
tanto em raridade quanto em estado de conservação -, ao lado da Alfa
Romeo 1923 tipo RL Coloniale Torpedo (uma pena que esta teve seus
faróis, lanternas, pára-brisa e painel subtraídos).
Nos dias de hoje, o Packardão é sempre visto funcionando e até mesmo
participou da corrida de Calhambeques dos dias atuais, o incrível "Pé na
Tábua", realização do jornalista e antigomobilista Thiago Songa.
A placa acima foi cedida pelo amigo Pedro Rocha, dono da Auto Relíquia.
Ele comprou um lote de placas antigas e encontrou algumas de carros do
Museu de Caçapava no meio. Entrou em contato com o Coordenador Marcelo
Bellato e tratou de enviá-las por Sedex. Fica aqui um agradecimento em
nome de todos antigomobilistas brasileiros pela recuperação das peças!
Não obstante, podemos notar que o Packard ainda está sem o "landau" da
capota, único item subtraído ainda não encontrado!
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