SHOWROOM BUSOLOGIA
O universo automobilistico é realmente uma das culturas mais fascinantes que a sociedade atual pode conhecer.
Claro que esta é uma cultura para as pessoas que realmente são
apaixonadas por carros, pessoas que gostam de estudar as diversas fases,
facetas e capitulos sobre a história do automóvel.
É incrivel, como um conjunto mecânico formado, por chapas, rodas,
parafusos, mangueiras, vidros, plásticos e tecidos consegue fascinar
tanto as pessoas, até mesmo os mais leigos no assunto.
Mas se hoje algumas pessoas da sociedade atual tem como "hobbye " o universo automobilistico e a sua respectiva história, é por que algum dia tudo começou em alguma fábrica .
Claro
que ao longo de todos estes anos da industrialização automobilistica,
muitas empresas surgiram, algumas estão aí até os dias de hoje, outras
foram fechando as suas portas ao longo dos anos, algumas foram apenas
uma grande e breve aventura e outras acabaram sendo absorvidas por
empresas maiores.
Baseado nisso meus amigos, na postagem de hoje, quero falar sobre uma das empresas pioneiras no seu segmento, o do transporte urbano e coletivo, a Carrocerias Eliziário de Porto Alegre .
Toda a pesquisa de resgate histórico e fotográfico mostrado aqui nesta
postagem, foi desenvolvida por Marcos Jeremias que é um dos autores do
blog.
Juntamente com Salomão Golandski, Élvis Igor e com a colaboração especial de Renata Bertoglio.
Nenhum ponto da empresa foi esquecido, tudo foi visto e revisto, desde a
negociação de entrevistas com empresários, ex-funcionários, motoristas,
com a própria família Eliziário e também a busca por todo o material
necessário e indispensável para documentar toda esta grande e
maravilhosa história.
Tudo isso para contar o que realmente aconteceu, o sonho, a trajetória e a história de Eliziário Goulart da Silva.
A
partir de agora convido todos vocês meus amigos, visitantes e
seguidores do blog, para embarcarem para mais uma viagem de volta ao
passado, entrem, escolham os seus assentos, fiquem à vontade, pois vamos
fazer uma viagem de Eliziário ......................
Tudo começou por volta do ano de 1916, Eliziário Goulart da Silva , um jovem de apenas 15 anos de idade, começou a trabalhar em uma pequena marcenaria auxiliando na produção de móveis.
Com o passar do tempo o jovem Eliziário demonstrou grande interesse e habilidade no trabalho, passando logo para marceneiro.
Em uma certa ocasião seu patrão pediu-lhe que adaptasse sobre a carroceria de um caminhão GM uma pequena carroceria.
" Não precisa ser nada bonito não, pode ser tipo uma caixa " , disse o patrão.
Nesta fotografia um dos primeiros veículos adaptados por Eliziário.
Nesta época os chamados " baús " eram
construídos somente em São Paulo e devido aos altos custos, o patrão
acabou pedindo ao funcionário habilidoso, perfeccionista e atencioso que
construísse algo similar.
O serviço acabou ficando melhor do que o esperado, e ainda melhor do
que os serviços executados em São Paulo, tudo ficou perfeito e por ser
um trabalho artesanal logo acabou chamando a atenção das pessoas.
A partir daí, o jovem marceneiro começou à fazer um, dois, três, quatro
baús, tendo grande reconhecimento pela sua mão de obra.
Eliziário, acabou percebendo o valor da sua mão de obra e decidiu trabalhar para si mesmo.
Em 1928, sob um pé de plátano no bairro Passo da Mangueir em Porto
Alegre, surgiu a primeira oficina do encarroçador que trabalhava com um
dos seus filhos, chamado Astrogildo, dando os passos iniciais de uma
das principais empresas de ônibus da capital.
Como todo pioneiro Eliziário, começou aos poucos mas foi ganhando cada vez mais a confiança de seus clientes.
O sucesso de Eliziário crescia e com o passar do tempo e sua fama acabou indo além.
Na ocasião em que a Coca-Cola estava se instalando aqui no Brasil,
Eliziário e sua equipe foram constratados para produzir as primeiras " gaiolas " sobre o chassi de caminhões para transporte de bebidas.
Em 1928, Eliziário recebeu o primeiro grande lote de serviços: foram 18
caminhões feitos à sombra das folhas alaranjadas do plátamo.
" Fui a primeira pessoa a tomar Coca-Cola no Brasil " , disse Astrogildo, filho de Eliziário.
A
Coca-Cola ao contratar-nos mandou dos EUA, uma caixa de madeira com
garrafas cheias, para que pudéssemos ter a noção de tamanho e peso para a
construção das carrocerias.
Como era novidade resolvi abrir uma garrafa e tomar, a bebida estava quente e o gosto daquilo era horrível.
Logo disse ao pai.... " isso não vai vender aqui não e ainda vai nos afundar junto" .
Quem diria tanto a Eliziário, quanto a Coca-Cola foram sucesso mundial.
Em 1930, partiram para a construção de " jardineiras" com chassi Ford e Chevrolet e anos mais tarde com DeSoto e International.
Já no início da década de 40 produziram também os conhecidos " Woodies" que transformavam-se em pequenas lotações.
Um dos primeiros veículos adaptados por Eliziário, entre as décadas de vinte e trinta sobre chassi comerial.
" Jardineira" - O início da era do ônibus, 1939 Viação Férrea do Rio Grande do Sul.
(Fonte da Imagem: Acervo de Vladimir Monteiro)
Eliziário " micro-ônibus ", construído sobre chassi comercial Chevrolet Gigante 1944.
Eliziário Micro - Ônibus Rodoviário Ford 1948.
Na primeira fotografia uma " Chevrolet Woddie " construída sobre um chassi comercial provavelmente 1941.
Na terceira fotografia, mais uma Woddie, desta vez sobre um chassi Chevrolet, que era especificado como " Eliziário Micro - Ônibus Rodoviário " .
O Ford 1948 da fotografia acima, pertenceu a Empresa Erechim de Porto Alegre , atualmente conhecida como Unesul.
Eliziário sobre chassi comercial Ford Hércules 1942.
Algum tempo depois Eliário montou um galpão e depois do galpão o veio a fábrica.
Artista, artesão, criativo, Eliziário canalizou sua imaginação para o ofício de construir caminhontes e caminhões de carga.
Foi muito mais longe que a sua imaginação, então começava a ser colocado em prática, na Rua Domingos Martins, no bairro Cristo Redentor, as idéias do jovem marceneiro.
Na década de quarenta, o bairro Cristo Redentor toma uma configuração industrial, com a instalações das empresas Fogões Wallig , Tintas Renner e Metalúrgica Matarazzo e junto a isso começam as obras de alargamento da Av. Assis Brasil.
Em
1946 Eliziário Goulart da Silva, casado com Elvira Martinelli, com quem
teve quatro filhos, sendo eles, Astrogildo Goulart da Silva, Aldo ,
Alexandre e Aldamira Goulart, inaugura o seu novo parque fábril e
inaugura oficialmente a razão social " Carrocerias Eliziário Indústria de Ônibus " .
Eliziário
foi desportista, filantropo, e colabora assim com a construção e
fundação do Hospital Cristo Redentor, que existe até hoje.
O crescimento econômico da cidade reflete no bairro Cristo Redentor,
que começa a receber moradores não só de outros bairros da cidade, como
também do interior do estado.
Rua Domingos Rubbo nº 863 em 1948, onde futuramente seria construído o prédio nº 3 da Carrocerias Eliziário.
Na primeira fotografia nota-se ao fundo a Igreja Cristo Redentor,
existente até hoje na Av. Assís Brasil, em outro ângulo podemos ver a
presença de alguns chassis comerciais para encarroçamento.
Fotografia gentilmente cedida pelo amigo Tulio Goulart da Silva.
No final da década de quarenta, nos Estados Unidos, já existiam os " Twin Coach " - ônibus adaptados em carrocerias de alumínio.
Eliziário acabou importando um desses ônibus para estudá-lo em Porto Alegre.
E
assim iniciou-se uma trajetória que ajudou a desenvolver o transporte
coletivo nacional e a fortalecer a maior indústria de ônibus do Brasil.
Produzir um ônibus naquela época era um trabalho totalmente artesanal,
pois não existiam chassis para encarroçamento, era preciso desmontar
caminhões e fazer adaptações, muitas vezes cortando ou emendando, tanto
no comprimento como na largura.
A parte interna e a estrutura do ônibus eram feitas com madeira de lei,
como canela e açoita-cavalo, os vidros eram cortados um a um com
riscador de diamante, enfim, um grande e valoroso trabalho.
A fábrica foi crescendo, até que o elevado número de vendas acabou
exigindo a contratação de novos funcionários e o aumento das instalações
da mesma.
A
necessidade de adaptar um chassi consumia muitas horas e uma perícia
muito grande dos operários, a madeira era trazida do interior paranaense
e era cuidadosamente trabalhada.
As forjas reduziam o tempo na produção de pára-choques e demais peças
metálicas, mas muitas ainda eram desenhadas e dobradas a mão e martelo
na " bigorna " .
Os vidros eram de 6 mm e logo em Porto Alegre a indústria acabou desenvolvendo o " vidro temperado " , onde a Eliziário enviava o molde de seus vidros ao fornecedor e o corte já vinha pronto.
E isto acabou sendo um marco na evolução tecnológica da industria de carrocerias de ônibus.
Solenidade para a apresentação da maquete do Eliziário Coach.
Lançamento de peso na década de quarenta - Eliziário Coach Intermunicipal GMC PDI - 3703 1947.
Formas arredondadas, revestimento externo em alumínio: O Coach da Eliziário marcava espaço entre o segmento de ônibus intermunicipais.
Em 1947 a Eliziário
começava a mudar o cenário do mercado de carrocerias de ônibus, colocava
na linha de montagem um novo projeto, que já traria uma série de
inovações, pois já marcava uma nova era em ônibus.
Capuz do motor com isolamento, porta com acionamento pneumático,
poltronas estofadas com maior espaço e uma disposiçao de 38 lugares,
este modelo seria produzido até 1949 e era conhecido apenas como Coach
derivado do americano que Eliziário havia importado para estudos.
O Coach da Eliziário era encarroçado sob chassi GM PDI 3703 de 211 hp, importados de Detroit.
A sigla PDI significava " Parlor Diesel Intercity " ou veículo intermunicipal à diesel.
Em 1948 o " Plano Salte " ,
tinha como objetivo ordenar gastos públicos e reduzir as importações, o
que acabou beneficiando indiretamente a Carrocerias Eliziário, que
passou a ser a principal referência em matéria de ônibus no país.
Um processo quase que totalmente artesanal, transformava lata e ferro em um produto de grande qualidade.
As tintas para pintura eram todas importadas da Sherwin - Williams ,
mais tarde a Tintas Renner, empresa vizinha da Carrocerias Eliziário na
Av. Assis Brasil, começou a desenvolver as tintas e testar nos veículos
em processo de pintura.
Inúmeros modelos foram produzidos, desde de jardineiras, lotações, ônibus urbanos até chegarem aos rodoviários.
Naquela época os veículos produzidos pela Carrocerias Eliziário, não
possuiam nenhuma especificação de nome (modelo) eram todos conhecidos
apenas como Eliziário.
Foi
nesta mesma época também que a Carrocerias Eliziário lançou no
mercado uma série especial com 50 unidades produzidas, sendo 6 delas
adquiridas pela empresa Unetral de Erechim/RS, hoje atualmente conhecida
como Unesul.
Tratava-se de uma nova tentativa no setor rodoviário, um projeto
desenvolvido em conjunto com a Scania -Vabis a partir de um caminhão
B-75.
As fotografias acima são do veículo produzido pela Carrocerias Eliziário em conjunto com Scania-Vabis.
No início da década de cinqüênta surgia no mercado os primeiros chassis especiais para ônibus, os famosos " LPO " , reduzindo assim o tempo do produto na linha de montagem.
Porém na ocasião somente alguns clientes adquiriam os novos chassis próprios para ônibus da Aclo , Scania - Vabis , Mercedes - Benz ou os importados Delahaye , pois muitos ainda preferiam encarroçar ou reencarroçar sob caminhões adptados.
Em 1951, a madeira começa à perder espaço, sendo gradativamente
substituida pelas estruturas metálicas, o que acabou sendo mais um
avanço no setor do transporte urbano.
Nessas
três fotografias estão expostos o chassi LK- 321 da Mercedes - Benz, um
chassi Chevrolet na linha de montagem e um chassi do tipo " LPO " importado pronto para encarroçamento.
Substituir a madeira e entrar na era metálica, além de ser uma novidade, tinha também uma grande vantagem - " A redução do peso do ônibus ", o que acabava influênciando diretamente no bolso dos empresários na hora de escolher a marca do seu produto.
Ainda em 1951 começaram a sair as designações dos produtos Eliziário sendo assim lançado o
" Eliziário Belveder " .
A
partir do Belveder, a Eliziário começou a equipar os seus ônibus
rodoviários com poltronas Pullman, projeto originário do americano
George Pullman de 1897, o que deixava estes modelos com um item de
acabamento, conforto e requinte à frente dos rivais.
Eliziário Belveder " Pullman " mecânica Mercedes-Benz.
Em 1952 ocorre o lançamento do " Eliziário Gostosão " ,
que teve até uma série especial sobre o chassi importado Delahaye com
168 hp, na época muito potente, mas com grande consumo, estes veículos deixavam a fábrica com o nome " Pullman " estampados em suas laterais, simbolizando e deixando visivel o item conforto.
Em contrapartida a Mercedes - Benz lança sem monobloco " 0- 321 HL " rodoviário
uma novidade, mas não uma preocupação, pois o sucesso da Eliziário era
tão grande devido a sua qualidade e aceitação no mercado que as
principais empresas nacionais como NSª Penha , Cerro Azul , Garcia , Real Expresso , Catarinense , Viação Cometa e
muitas outras tinham veículos Eliziário em suas frotas e também pela
questão das exportações pois naquela época a Eliziário já estava
presente em países como Argentina, Uruguai, Paraguai, Chile e Venezuela.
Em 1955, a Carrocerias Eliziário foi a primeira empresa a encarroçar um " Gostosão " urbano
em um chassi Volvo importado, era o resultado de mais um avanço da
empresa gaúcha , que no mesmo ano decidi redesenhar o modelo Belveder,
perdendo assim o desnível do teto.
Em 1956 seria lançado o modelo " Imperador " e logo o " Imperador Diplomata " , nas versões urbana, rodoviário e micro - ônibus.
Eliziário
" Gostosão ", construído sobre chassi Delahaye 1953 motor com 168 hp,
vinte e cinco veículos vendidos para a Venezuela.
Eliziário " Gostosão " 1955, o primeiro ônibus produzido sobre chassi Volvo.
Imperador Diplomata Mercedes - Benz LP 312 1958 Empresa Crucero Del Norte.
Imperador Rodoviário Mercedes - Benz LP - 312 1955 - Empresa Planalto Transportes Ltda.
No início o bagageiro era instalado na parte de tras do ônibus e suas formas arredondas garantia uma ótima performance.
Em meados da década de 50 e início da década de 60 as cidades cresciam assim como a população.
Algumas linhas de ônibus necessitavam de veículos maiores, de alta capacidade, surgindo assim os chamados " Papa - Filas " , uma espécie de carreta para passageiros utilizados quase que exclusivamente em São Paulo.
Mas
ao mesmo tempo que a cidade exigia em algumas linhas veículos maiores,
algumas outras ligações precisavam de um serviço diferenciado.
Surgiram então as chamadas " lotações " , veículos menores, já muito usados por empresas particulares que atuaram em várias cidades antes mesmo desta época.
Foi a partir desta data que motoristas empregados, eram os próprios
donos dos veículos e faziam diversas atividades ao mesmo tempo.
As lotações duraram alguns anos, mas depois foram substituídos por
veículos maiores, por causa do aumento da demanda e da reivindicação dos
profissionais do transporte contra o acumulo de funções, dirigir e
cobrar.
Lotação Eliziário Urbano encarroçado sobre o novíssimo chassi Mercedes - Benz LP- 312 1955.
(Fonte da Imagem : Acervo Vladimir Monteiro )
Eliziário Urbano 1958, construído sobre chassi comercial de um raríssimo Ford FK
G 700, veículo da empresa Citral da cidade de Taquara/RS.
Logo no inicio as lotações tiveram tanto sucesso que a própria Chevrolet chegou a produzi-las no Brasil
( acervo GM Brasil )
Lotações encarroçadas sobre chassis Dodge e Fargo.
Uma proposta inovadora no transporte coletivo " As lotações ".
Eliziário " Gostosão " lançamento em 1952 - veículo equipado com motor Ford F8 de 155hp
Empresa Expresso Azul Ltda .
(Fonte da Imagem: Acervo do Sr. Paulo Glufke)
Carroceria Nicola sobre chassi Chevrolet, rival do " Eliziário Gostosão ".
Monobloco Mercedes-Benz 0-321 HL Rodoviário 1952.
Uma grande novidade que não foi sinônimo de preocupação para a Carrocerias Eliziário.
Eliziário Belveder 1955 reestilizado, chassi Mercedes - Benz equipado com poltronas Pullman.
(Fonte da Imagem: Planalto Transportes)
Em 1954 acontece a expansão do parque fabril da Carrocerias Eliziário, chegando a 2.050 m² de área construida.
São implantados também diversos setores na fábrica, tais como:
galvanoplastia, estamparia, fabricação de janelas, chapeação, estofaria,
polimento e cabine de pintura.
Astrogildo Goulart, contabilista, estudioso e dedicado à empresa,
organizou e implantou o departamento de recursos humanos e também o
cartão ponto na Carrocerias Eliziário.
Porém ainda em 1954, Astrogildo que acompanhou as atividades da
Eliziário desde o princípio acaba deixando a empresa, fundando na Av.
Assis Brasil a " Carrocerias Azirma " , passando a ser concorrente do pai.
Infelizmente Astrogildo conseguiu manter a sua nova empresa somente até
1968, pois esta só conquistou posição de mercado na região norte.
Concorrente da Eliziário a Azirma obteve exito somente no norte do Brasil.
Carroceria Azirma, modelo rodoviário Super Luxo 1960 , sobre chassi Ford F-350.
Nesta
fotografia podemos ver um Eliziário Bi- Campeão Urbano na Av. Brasil no
Rio de Janeiro, veículo estacionado sobre a calçada no lado esquerdo.
(Fonte da Imagem: Revista Veja )
Eliziário tinha poucas paixões na vida além do seu trabalho, levava uma
vida discreta, sem muitas diversões além da pescaria e da caça.
" Ele andou de bicicleta durante bons anos " , recorda a filha Aldamira Goulart.
Nos finais de semana, atravessava o Guaíba atrás de alguma caça, juntamente com o genro Humberto Barbieri.
Eliziário chegava a ir pescar na Argentina, mas na segunda-feira às
06:50 , já estava na empresa cuidando para que a semana começa-se de
forma impecável, ficava louco de bravo quando alguma coisa não dava
certo. " Eliziário pegava um serviço construía e concluía a carroceria
e depois informava o preço ao cliente.
Dava prazos enormes para os clientes da casa, por algumas vezes chegou a perder dinheiro para não protestar alguns títulos.
" Foi assim que ele venceu na vida, com honestidade " , diz o genro.
Era começo dos anos 60, algumas pequenas novas empresas estavam
surgindo e para se manter na frente Eliziário consulta seus fiéis
frotistas que necessitavam de um carro diferenciado.
O empresário Humberto Albino Bianchi da Viação Minunano sugeriu o uso de uma de suas invenções, a " poltrona leito " .
Foi então, mais precisamente no ano de 1963, ano do Bi- Campeonato da
Seleção Brasileira, em homenagem à mesma é lançado o modelo " Bi - Campeão " nas configurações urbano, rodoviário e rodoviário super luxo, derivando assim nas séries I, II e III.
O Bi- Campeão teve um toque revolucionário sob os conceitos de
carroceria, seu visual era inovador e seus acessórios e componentes
eram inéditos.
O veículo começou a ser produzido ainda um pouco pesado, cerca de 3.300
Kg na versão rodoviária e 2.700 Kg, na versão urbana para 32
passageiros.
A qualidade era insuperável, suas linhas, seu charme, as novas
disposições de decoração interna e a lista de opcionais, faziam do Bi -
Campeão a carroceria com melhor custo benefício, deixando assim
novamente a Eliziário em posição privilegiada.
A proposta do lançamento era tanta, que mesmo sem ter saído um unico
veículo da linha de montagem, a empresa paranaense NSª da Penha, já
havia encomendado 60 veículos, e em 1964 mais 40 veículos foram
adquiridos, totalizando 100 unidades de Bi - Campeões em sua frota.
O sucesso foi tão grande que ao mesmo tempo a Viação Minuano adquiriu
logo de cara 20 unidades na configuração rodoviário Super Luxo Leito,
sob chassi Scania-Vabis B-75 renovando a sua frota, deixando-a mais
charmosa e com um toque inovador.
Eliziário Bi - Campeão Urbano, série I da Empresa Bianchi Transportes Coletivos.
( Fonte da Imagem: Acervo pessoal de Maria Jeremias )
Entrega
das primeiras unidades do Eliziário Bi- Campeão Scania - Vabis, para a
empresa NSª da Penha, na concessionária SUVESA em 1963.
(Fonte da Imagem: Acervo pessoal de Vladimir Monteiro)
O grande lançamento da Carrocerias Eliziário para 1963.
Eliziário Bi - Campeão Rodoviário Super Luxo na versão Scania - Vabis B-75.
(Fonte da Imagem: Acervo de Marcos Jeremias)
A
Empresa de Carrocerias Irmãos Grassi, também era uma grande concorrente
da Carrocerias Eliziário, no segmento dos ônibus urbanos.
( Fonte da Imagem: Acervo do Sr. Moacir Ramos)
Carrocerias Catelli & Henneman e Carrocerias Ott, duas grandes concorrentes gaúchas, da região do Vale do Sinos.
A imponência e as linhas dos veículos Eliziário, por muitas vezes foram copiadas, mas não chegavam a causar grande impacto.
Nicola Rodoviário sob chassi Mercedes-Benz.
Na ocasião do lançamento do Eliziário Bi - Campeão em 1963, a empresa Viação Minuano
de Porto Alegre através do seu proprietário o Sr. Humberto Albino
Bianchi fiel e tradicional cliente da marca escolhe a dedo testar o
primeiro ônibus leito brasileiro, em sua viagem inaugural no dia 04 de
Maio de 1963 com 16 passageiros.
O ônibus seria o grande e valente, Eliziário Bi - Campeão rodoviário leito, montado sob o chassi Scania B-75.
As viagens entre Porto Alegre e São Paulo, eram completadas em vinte horas, ( a primeira viagem entre essas duas capitais data de 1959 ).
" A
viagem foi o maior sucesso, pois estavamos apresentando uma classe de
serviço que era novidade para todos, e a procura pelo ônibus leito foi
sensacional graças à decisão da empresa em optar pelo melhor, aliado a
qualidade dos produtos Eliziário e Scania" .
Altamiro
Antônio Bianchi, filho do Sr. Humberto Albino Bianchi proprietário da
Viação Minuano e da Bianchi Transportes Coletivos de Porto Alegre, hoje
SOPAL.
Tanto na área urbana como rodoviária a família Bianchi sempre foi fiel a marca Eliziário em suas frotas.
Em
destaque Eliziário " Gostosão " urbano 1963, sob chassi Chevrolet , na
Av. Brasiliano Índio de Moraes, no bairro IAPI em Porto Alegre.
Porto Alegre x São Paulo com a Minuano.
Fidelidade a toda prova aos produtos Eliziário e Scania.
Material publicitário feito em 1963.
Eliziário Bi - Campeão Super Luxo Scania B - 75 1965, utilizado na linha Porto Alegre - Buenos Aires.
Vista
interna do Eliziário Bi - Campeão, poltronas luxuosas e confortáveis,
que contavam inclusive com cinzeiros na parte de trás do encosto e
também com um pequena cozinha e toalete.
Este é o Nicola II Rodoviário , concorrente do Eliziário Bi-Campeão.
Um pouco fora dos padrões, mas teve um bom número de vendas.
Em 1965, o ramo de transporte coletivo, exigia o lançamento de um novo produto.
E a Carrocerias Eliziário, para mais uma vez disparar frente a
concorrência, fez a reestilização de seus produtos, e apresentou um novo
veículo chamado " Astro " , nas versões urbano e rodoviário.
Eliziário Astro Urbano - Expresso Veraneio Ltda - EVEL .
( Fonte da Imagem: Acervo pessoal de Maria Jeremias)
Neste
mesmo ano a Carrocerias Eliziário detinha 54% do mercado nacional de
ônibus no território brasileiro, e tinha também grandes concorrentes,
todos com boa qualidade.
Entre os concorrentes da Carrocerias Eliziário, estavam: Catelli & Henneman , Incasel , Ott , Grassi , Nielson , Decândia , Nicola , Ciferal , Metropolitana , Cermava , Mercedes - Benz , Nilo e a própria Azirma .
Em nota divulgada pela FABUS,
associação que reúne as empresas fabricantes de carrocerias, entre os
anos de 1950 e 1970, o Brasil teve mais de 20 encarroçadoras
registradas.
Isso sem contar empresas de outros ramos que se aventuravam a fazer
ônibus e pequenos empreendedores que trabalhavam sem registro. E a
explicação por esta decisão é muito simples.
Os transportes por ônibus cresciam na medida em que as cidades se desenvolviam economicamente e em número de população.
Os bairros estavam se desenvolvendo, o que significava mais pessoas para serem transportadas.
Surgiam empresas de ônibus mais fortes que precisavam de mais veículos.
O mercado brasileiro exigia ônibus.
Importar carrocerias em alguns períodos era praticamente inviável por
causa dos custos, ora provocado por fatores externos, como conflitos
mundiais, no caso dos anos 40, quando ocorreu a Segunda Guerra Mundial,
ou por internos, como a política nacionalista de Juscelino Kubitscheck
que visava estimular a indústria nacional em detrimento dos produtos
estrangeiros.
Com a alta concorrência e a profissionalização de alguns investidores muitas encarroçadoras foram desaparecendo aos poucos.
Algumas enfrentaram problemas administrativos e outras foram incorporadas por maiores, como a " Metropolitana " comprada pela Caio, em 1977.
A disputa era grande, mas a qualidade dos produtos Eliziário era inconfundível, segundo os empresários, como Dorvalino Jeremias , da extinta Expresso ABC .
“Eram
os ônibus mais caros que existiam, mas em conforto, luxo, acabamento e
qualidade, nenhum outro chegava perto... Naquela época eram os únicos
com Toalete, cabine separada e poltrona leito a bordo... Pagava-se caro,
mas se pagava por qualidade”.
Devido
a muitos problemas algumas foram desaparecendo do cenário e ao longo do
tempo aos poucos a Nicola de Caxias do Sul ganhava espaço, em seu
principal reduto com o recém contratado vendedor da empresa Antônio
Carlos Zanellato Hilgert e isto representava certa ameaça a
Eliziário.
Barbieri fez um convite a Hilgert na churrascaria Espeto de Ouro, onde
costumava levar seus clientes, a intenção era contratar Hilgert, mas ele
pediu muito... Estava fora da realidade, pois era braço direito do
concorrente. Eliziário ficou assustado com o valor.
“Ele quer ganhar mais que o fabricante” , disse Eliziário.
Em 1967 para substituir o Bi-Campeão rodoviário é lançado o ônibus que simbolizaria as 3.000 unidades produzidas a partir do alumínio, o “ E-3000 ” , que traria um toque mais moderno e imponente a linha de produtos da empresa.
O
estilo e o charme das Carrocerias Eliziário - Eliziário " E - 3000 "
Rodoviário, com chassi Magirus - Deutz, da extinta Viação São Luíz (
SALTUR ) de Caxias do Sul.
Eliziário " E - 3000 " Urbano 1967, Mercedes - Benz LP - 321 .
Empresa NSª do Trabalho - Atual Nortran Transportes Coletivos de Porto Alegre/RS.
( Fonte da Imagem: Acervo pessoal de Maria Jeremias )
DIPLOMATA JO Mercedes - Benz LP 334 da Expresso ABC.
Concorrente da Nielson, para os rodoviários da Carrocerias Eliziário.
( Fonte da Imagem: Marcos Jeremias e Renata Bertoglio - Expresso ABC)
A INCASEL de Caxias do Sul lança o modelo Continental Diplomata, concorrente direto dos demais ônibus rodoviários.
Porém este modelo obteve pouca aceitação no mercado.
A Mercedes - Benz e o seu Monobloco 0 -335 Rodoviário, mantendo as suas
linhas arredondadas, este grande modelo obteve um bom número de vendas.
Em destaque ônibus número 39 da " Expresso ABC ".
(Fonte da Imagem: Marcos Jeremias e Renata Bertoglio - Expresso ABC )
No mesmo ano, Eliziário Goulart empossa como seu braço direito o Sr. Humberto Barbieri.
“Naquela época levava-mos cerca de uma semana para entregar um ônibus pronto, a cada dia três ônibus eram produzidos.
Lembro que os chassis chegavam de 12 em 12, muitas vezes um em cima do
outro, aguardavam no pátio ao lado, e de três em três entravam na linha
de montagem, passavam pela ferraria para fazer a preparação do chassi,
após isto eram instalados os tubos que davam inicio a construção da
estrutura do ônibus.
Era um processo muito engenhoso e no final vinha o orgulho... Lembro
como se fosse hoje, quem trabalhava na Eliziário era tido como ótimo
profissional, a época era muito difícil, ganhava-se muito pouco, mas
éramos destaques assim como nas empresas VARIG e WALLIG.
O velho Eliziário como alguns chamavam, era exigente, tudo tinha que sair perfeito.
Ele andava pra lá e prá cá na fábrica, se algo estivesse errado mandava
desmanchar e logo a equipe ganhava um puxão de orelhas, esta exigência
toda fazia com que a Eliziário estivesse sempre a frente da
concorrência, mantendo e atraindo cada vez mais clientes tradicionais e
fiéis a marca como era o caso da Penha e da Família Bianchi além de
vários outros.
Em sua atividade comercial, vender exigia um incessante exercício de
contato e deslocamento, fazendo com que alguns de seus diretores
assumissem também o departamento de vendas.
A divulgação era de porta em porta dos transportadores, munidos sempre
com fotos mostrando as características de cada produto fabricado " .
Dirceu Fernandes da Silva, funcionário da Carrocerias Eliziário de 1960 á 1970.
Preparação de um chassi Mercedes - Benz.
Montagem de um ônibus Eliziário Astro Rodoviário.
Eliziário Astro Rodiviário em frente a Carrocerias Eliziário, pronto para ser entregue.
Considerada
fonte de inovações em transportes, a empresa procurava manter-se sempre
a frente, e assim, em outubro de 1967 foi lançado no mercado, o
modelo urbano símbolo das 3.600 unidades construídas em alumínio, o " E-3.600 " nas versões rodoviário e urbano.
Mais tarde, em 1968 o " E-3-600R " , com faróis quadrados, este ônibus seria o modelo Luxo da série E-3.600.
Em 1969 a Irmãos Nicola de Caxias do Sul, lança o modelo rodoviário Marcopolo que fora exposto no Salão do Automóvel em São Paulo, a Eliziário, sempre seguindo uma política de prudência e destaque lançaria assim no mercado em 18 de Agosto de 1969 como forma de homenagem a Missão Apollo o modelo " Apollo 70 " com a marca recorde de 250 carrocerias por mês e em dezembro do mesmo ano o modelo " Astro II " .
A Viação Minuano, sempre primou pelo maior e melhor produto para oferecer a seus clientes o melhor atendimento.
Na ocasião do lançamento do Eliziário E -3600 R Leito, a Viação Minuano
adquiriu no mesmo instante, vinte unidades do novo ônibus, equipado com
chassi Scania.
A parceria, entre Viação Minuano, Scania e Carrocerias Eliziário, era muito mais do que um simples elo entre clientes .
Fato publicado nos principais meios de comunicação da época.
A esquerda um dos materiais publicitários da união destas três grandes empresas.
Eliziário E - 3600 R - Magirus - Deutz da paranaense " Princesa dos Campos ".
Eliziário E - 3600 Urbano, equipado com chassi Magiruz Deutz.
Veículo entregue para a empresa Trevo Transportes Coletivos de Porto Alegre.
(Fonte da Imagem: Acervo pessoal de Marcos Jeremias)
Eliziário Apolo Urbano lançado em 1969.
Eliziário Astro II Urbano Mercedes - Benz da Viação Canasvieiras/SC.
" Eliziário Astro Rodoviário Super Luxo "
A imponência dos produtos Eliziário, veículo da Planalto Transportes, equipado com chassi FNM 1969.
( Fonte da Imagem: Planalto Transportes)
Eliziário " Apolo 70 " - Lançado em homenagem a Missão Apolo 11, este
seria o ultimo ônibus produzido pela carrocerias Eliziário.
O Apolo 70 da fotografia acima era montado sob chassi FNM e pertencia a empresa Planalto Transportes.
Eliziário Apolo 1970, sob chassi Mercedes - Benz LPO 1113 da empresa Planalto Transportes.
Eliziário Apolo 1970 Rodoviário, sob chassi Mercedes - Benz LP - 321 da Empresa Louzada.
A beleza, qualidade e imponência dos produtos Eliziário faziam a diferença diante a concorrência.
Infelizmente na década de setenta começaria o fim desta grande empresa gaúcha chamada Carrocerias Eliziário.
Foi neste ano que após o término de uma auditoria interna, que o Sr.
Eliziário Goulart da Silva, viria a descobrir uma série de fraudes na
administração da sua empresa.
Esse grande desgosto, somado a desentendimentos familiares e outros fatores mais, levaram
"Seu Eliziário", como era conhecido a ter uma atitude inusitada, a venda da Carrocerias Eliziário.
Convocou uma reunião em Porto Alegre, com os irmãos Nicola e Paulo Belini e perguntou-lhes...
" QUANTO ME PAGAM EM TUDO ISSO? "
O Sr. Dorval Nicola respondeu - " Dou-te tanto " , o valor era equivalente a quatro décimos do valor real da empresa.
De cabeça erguida, voz firme a resposta foi a seguinte, " Aqui estão as chaves, podem levar tudo " .
Dados
não oficiais divulgam que até aquele momento a Carrocerias Eliziário já
havia produzido cerca de dez mil veículos desde a sua fundação.
O valor arrecadado com a venda da empresa, foi investido por Eliziário
na construção de 57 prédios em bairros tradicionais de Porto Alegre,
passando então a viver da renda de seus aluguéis.
Ainda em 1970, com encerramento das atividades das empresas ônibus
Pilares e Cirb e com a aliança entre a Ciferal e a Metropolitana, no RJ,
começava aqui no sul o processo de desaparecimento do nome Eliziário e o
fortalecimento da Carrocerias Nicola no mercado.
Após a compra da Carrocerias Eliziário pela Carrocerias Nicola, e
também o grande sucesso obtido após o lançamento dos veículos
rodoviários, a Carrocerias Nicola, passa a se chamar, Marcopolo -
Carrocerias Nicola S.A. .
Material de divulgação da compra da Carrocerias Eliziário pela Carrocerias Nicola.
" CRUZAMOS NOSSOS CAMINHOS!!!!!"
Eliziário " E - 3600 " - Série III - Em 1970 já sob administração da Nicola.
Neste
ônibus já nota-se a mudança da janela de emergência lateral, deslocada
para o centro do veículo e a reestilização da dianteira.
( Fonte da Imagem: Acervo pessoal de Maria Jeremias )
1971
- Primeiro ônibus da Nicola, produzido nas antigas instalações da
Carrocerias Eliziário no bairro Cristo Redentor em Porto Alegre.
Trata-se do " Nicola Série Prata " , sob chassi Mercedes - Benz LPO - 334 1971 da Viação Auto Petrópolis VAP.
Nesta fotografia estão; José Heck , Humberto Barbiere , Antônio Carlos Hilgert ( Nicola ), Paulo Bellini (Nicola), Guido Raupp , Eliziário Goulart da Silva , João Rodrigues de Lima e João Brondani (VAP).
Em 1972 , Eliziário que acompanhou a transição e os primeiros passos da
Nicola em Porto Alegre, deixa definitivamente a fábrica.
Já em 1974 esta detinha 41% do mercado nacional de carrocerias
rodoviárias tendo fabricado juntamente com a Eliziário e Nimbus 3.065
unidades.
Sendo assim fabricados em Porto Alegre, modelos urbanos da Nicola, como
o Série Ouro Urbano, San Remo e Veneza, que logo começaram a sair de
fábrica com a plaqueta " Carrocerias Eliziário " e o logotipo Marcopolo.
Em
1973 a Eliziário já produzia o modelo Veneza em Porto Alegre, na
fotografia acima o registro da entrega de 18 veículos para a Viação
Cidade Morena do Rio de Janeiro.
Em 1977 com a aquisição da Nimbus, o Grupo Marcopolo era composto pelas empresas: Marcopolo S/A Carrocerias e Ônibus , Marcopolo Minas S/A , Carrocerias Eliziário S/A Indústria e Comércio , Nimbus S/A Ônibus e Veículos Especiais e Carroceria Nicola S/A Manufaturas Metálicas .
Já em 1979 a
Marcopolo altera a denominação da Nimbus, para Invel S.A Veículos
Especiais, algums modelos desta marca foram modificados, como foi o caso
do “Nimbus Haragano”, que a Marcopolo modificou-o e rebatizou como San
Remo.
No inicio dos anos 80, o desaquecimento da economia brasileira afetou
especialmente o setor industrial, agravando o nível geral de
desempregos, promovendo uma alta vertiginosa das taxas de juros e
constantes majorações nos preços dos combustíveis.
Estes elementos associados influíram de forma negativa na renovação nacional de frotas das empresas de ônibus.
A produção de ônibus em 1981, que era de 15.000 unidades foi
decrescendo sucessivamente, tendo atingido, em 1985 apenas 6.856
unidades.
Essa redução em mais de 50% resultou no envelhecimento da frota
brasileira, que naquele período chegou a ter 53,9% dos ônibus com idade
superior a oito anos, considerada exagerada na ocasião.
Em 1983 a Marcopolo decide desativar a fábrica de Minas Gerais, onde era produzido o modelo Marcopolo San Remo.
A crise sofrida nos primeiros anos da década de 80 levou o governo
Federal a lançar um plano de estabilização econômica, reduzindo juros
para financiamento de bens de capital, atenuando o nível de desemprego e
instalando a assembléia.
A Marcopolo, para superar esse período de crise nacional, reavaliou e
modificou seus projetos e sistemas de gerenciamento, bem como linha de
produção e estrutura.
Era então a hora de fechar as portas da Eliziário em Porto Alegre e a
Invel (Nimbus), transferindo assim toda a linha e maquinários para
Caxias do Sul.
Essas medidas, num esforço conjunto, cooperaram para que a empresa chegasse revitalizada, ao final da década de 80.
Em 1989 em Braço do Norte, interior Catarinense aos 89 anos o gaúcho
Sr. Eliziário Goulart da Silva faleceu em decorrência de Infarto e fora
sepultado em Porto Alegre no Cemitério São João, no Jazigo da Família " Goulart ".
O velho
pioneiro símbolo de competência e honestidade aliados a qualidade e
pioneirismo do seu produto que o Brasil e alguns países do mundo
conheceram e tornaram a marca Eliziário referência no desenvolvimento do
transporte coletivo urbano e rodoviário nacional.
Já em
1990 as instalações da Eliziário foram vendidas e em 1994 iniciou-se
ali a construção de um grande condomínio residencial, ficando apenas o
paredão de pedras intacto na lateral da fábrica, a placa de inauguração
no Hospital Cristo Redentor e a lembrança na memória viva de cada um que
teve o privilégio de trabalhar, admirar e até mesmo andar em um ônibus
da Eliziário.
As fotografias abaixo, fazem uma analogia entre o passado e o presente,
mostrando como era a área onde era situada a Carrocerias Eliziário,
entre as décadas de 50 e 60 e como ela esta nos dias de hoje.
Essas fotografias, foram feitas pelo Marcos Jeremias em Março do ano passado.
Esta memória ficará para sempre guardada, principalmente por aquelas
pessoas que tem ligação direta com o transporte de passageiros como
Marcos Jeremias e Salomão Golandski que desenvolveram esta matéria
exclusivamente para recordar e resgatar a memória do transporte coletivo
nacional.
Muitas vezes, nem
vivemos estas épocas e muitos não se identificam com estas fotos mais
antigas, mas elas são de extrema importância para vermos como o
transporte urbano coletivo se desenvolveu e chegaram ao nível que estão.
Nível este que não é o ideal, aliás, está longe disso, mas, convenhamos melhor em algumas regiões que há alguns anos.
Muito mais interessante do que estudar esta história, é poder estar
por dentro de uma trajetória, pois momentos adversos marcaram muitas
épocas e indústrias.
Em
tempos atuais que muitos nem sequer sabem dessa história toda, ainda é
comum avistar alguns veículos produzidos pelas antigas encarroçadoras.
Muitos Eliziários ainda rodam pelas ruas e avenidas do país, algumas
empresas e colecionadores ainda preservam algums de seus modelos, como é
o caso das empresas Nortran Transportes Coletivos (resultado da união
das empresas Viação São João, NSª Trabalho e Educandário) de Porto
Alegre e a Sociedade de Ônibus Gigante SOGIL.
A Sogil mantém ainda preservado um Eliziário Bi-Campeão Rodoviário
Scania-Vabis B-75 1966, o mesmo foi usado na comemoração dos 55 anos da
empresa em 25 de Maio de 2009 fazendo o trajeto Gravataí x Porto
Alegre, com 37 passageiros e tripulação vestida a rigor a época do
modelo.
Este modelo da Sogil
havia sido vendido pela empresa ao encerrar seu prazo de vida útil, mas
anos depois o Diretor Fernando Ribeiro da Empresa Viação Santa Tereza –
VISATE de Caxias do Sul – RS empresa do Grupo VISATE/SOGIL localizou-o
no interior do estado, restaurou e o colocou para rodar novamente nas
cores da SOGIL.
Já a Nortran
de Porto Alegre, por sua vez adquiriu de Alegrete um de seus primeiros
ônibus, no caso, de uma da suas antecessoras a NSª Trabalho, o modelo
E-3.600 Urbano Mercedes-Benz LP-321 1968 foi comprado e trazido a
Garagem da empresa em Porto Alegre onde se encontra em processo de
restauração.
Eliziário " E -3000 ", aguardando processo de restauração em Porto Alegre.
Eliziário Astro Urbano, aguardava o seu desmanche na cidade de Canoas/RS.
Eliziário Bi - Campeão Urbano série III - à venda na cidade de Santa Maria/RS em Outubro de 2009.
(Fonte da Imagem: Acervo pessoal de Michel Santos)
(Fonte da Imagem: Acervo pessoal de Michel Santos)
Eliziário Bi - Campeão Rodoviário transformado em Motor - Home.
Flâmula,
pertencente ao acervo de Salomão Golandski, guardada com todo cuidado
desde a década de 60 durante visita a Carrocerias Eliziário.
Maravilha de página lembrei de vários "buzões" em que viajei, parabéns e obrigado.
ResponderExcluirSensacional belas máquinas
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