Pneus de Aviões
Os aviões foram construídos para voar, mas entre os itens mais críticos
para a sua segurança estão os pneus, que os suportam no solo. Embora
tenham grande importância, são frequentemente negligenciados e
esquecidos pelos pilotos e até pelos mecânicos.
Trem de pouso do Boeing 777, no pouso |
Os pneus de avião são itens críticos para a segurança porque, além de
suportar o peso da aeronave no solo, devem absorver grande parte do
choque da aeronave com a pista, no pouso, acelerações e desacelerações
súbitas e grandes variações de temperatura.
Pneus aeronáuticos têm pouco a ver com os pneus de carros e caminhões.
Pneus de veículos terrestres são construídos para suportar cargas
relativamente pequenas, mas continuamente e em longas distâncias.
Requisitos como alta durabilidade e resistência ao desgaste são
importantes na maioria dos veículos terrestres, enquanto fatores como
aderência ao piso e flexibilidade são secundários, em razão da baixa
velocidade alcançada por esses veículos.
Nos aviões, a resistência ao desgaste é secundária, enquanto a aderência
e a flexibilidade são essenciais. Suportam cargas muito maiores que os
pneus automotivos. Praticamente cem por cento dos pneus aeronáuticos são
feitos de borracha natural, extraídos de seringueiras, enquanto a maior
parte dos pneus automotivos é feita em borracha sintética, ou compostos
de borracha natural e sintética.
Pneus de aeronaves, em primeiro lugar, suportam grandes variações de
temperatura, especialmente em aeronaves a jato. Em grandes altitudes,
suportam temperaturas que podem chegar a 55 graus negativos, em grande
altitude, enquanto suportam temperaturas de mais de 80 graus positivos
durante o pouso ou mais de 100 graus em uma rejeição de decolagem (RTO
- Reject Take-off). Tais extremos geralmente são experimentados a cada voo, ou cada ciclo.
Pneus destruídos em uma RTO |
Essas variações extremas de temperatura criam um problema: o ar se
expande fortemente com o aumento de temperatura, e poderia causar
explosões dos pneus com o súbito aumento de temperatura no pouso ou em
uma RTO. Esse problema é solucionado substituindo-se o ar pelo
nitrogênio seco. O uso do nitrogênio também soluciona outro problema que
o uso do ar tras às câmaras de ar, que é a oxidação interna da borracha
das mesmas. O nitrogênio puro e seco se expande muito pouco com o
aumento da temperatura, diminuindo o risco de explosões, e é pouco
reativo quimicamente, eliminando o risco de oxidação interna. Desde
1987, os pneus de aeronaves de transporte comercial devem,
obrigatoriamente, ser inflados exclusivamente com nitrogênio.
Um dos mitos mais propalados a respeito de pneus de avião é o que afirma
que tais pneus são maciços, para suportar as grandes cargas e não
correrem risco de explosão. Pneus maciços são impraticáveis, no entanto,
a não ser para pneus de bequilha de aeronaves muito leves e de baixa
velocidade. O atrito interno de um pneu maciço causaria grande aumento
de temperatura em pouco tempo de rolagem no solo, o que degradaria a
estrutura do pneus e causaria sua desintegração ou incêndio.
Pneus destruído por aplicação inadequada dos freios |
Estruturalmente, um pneu de avião não difere muito de um pneu
automotivo: a parte que fica em contato com o solo é a banda de rodagem;
os talões, reforçados com arames de aço, garantem a fixação do pneu à
roda; as paredes laterais, muito flexíveis nos pneus aeronáuticos, e os
ombros constituem a estrutura lateral do pneu.
Estrutura de um pneu aeronáutico |
A estrutura interna é constituída de várias camadas de lona cobertas com
borracha. As bandas de rodagem incorporam, geralmente, uma ou mais
camadas reforçadoras, tecidas em finos, mas resistentes, arames de aço
ou em polímeros de grande resistência à tração, como o Kevlar. Uma
espessa camada de borracha completa a estrutura da banda de rodagem e
suporta grande desgaste, sem atingir as lonas.
Pneus AWT no trem de pouso de um B29 |
As bandas de rodagem geralmente possuem desenhos simples, ao contrário dos pneus automotivos. O desenho mais comum é o raiado (Ribbed Tread), de uso recomendado em pistas pavimentadas e de grande resistência ao desgaste. Os pneus AWT (All-Weather Tread),
com ranhuras dispostas em duas diagonais, eram muito usadas em pistas
não pavimentadas, pois tinham características de autolimpeza, que
removia barro acumulado nas ranhuras. Pneus lisos (Smooth Tread)
chegaram a ser usados, especialmente em aeronaves de trem de pouso fixo,
por serem mais aerodinâmicos, mas foram praticamente abandonados por
terem péssimo desempenho em pistas contaminadas. Um quarto desenho
combina características dos AWT e raiados (Grooved All-Weather Tread), e tem bom desempenho em qualquer tipo de pavimento, mas hoje seu uso é raro.
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