(pequena) Historia do Automóvel em Portugal

                                        

O Panhard & Levassor — o primeiro automóvel a chegar a Portugal

O primeiro automóvel chega a Portugal em 1895. É um veículo da marca Panhard & Levassor, importado de Paris pelo IV Conde de Avilez.

Na Alfândega de Lisboa, surge a dúvida sobre a taxa aduaneira a aplicar a tão estranho artefacto. Seria uma máquina agrícola ou uma locomobile (máquina movida a vapor)? Adopta-se esta última definição.

Na primeira viagem que realiza, entre Lisboa e S. Tiago do Cacém, este veículo é protagonista do primeiro acidente de viação em Portugal ao atropelar um burro.

A Panhard & Levassor é fundada por René Panhard e Émile Levassor. Estes dois homens utilizam o motor desenvolvido por Daimler e criam automóveis com motor dianteiro e tracção às rodas traseiras. Esta empresa é uma das primeiras a fabricar automóveis com intuitos comerciais, tendo publicado o primeiro catálogo a cores.



Cronologia da evolução do Desporto Automóvel em Portugal

1902 — Realiza-se a primeira grande prova de automóveis. Esta prova, liga Figueira da Foz a Lisboa;

1903 — Surgem as primeiras provas de Circuito com a organização do "Circuito das Beiras";

1905 — Realiza-se a primeira "Gincana" de automóveis em Cascais;

1905/1906 — Três Portugueses, ao volante de um Dion Bouton, efectuam 38.000 quilómetros ao longo da Europa, num percurso que dura cerca de oito meses;

1906 — Organiza-se a primeira prova de velocidade — O Quilómetro de Valada do Ribatejo;

1910 — Iniciam-se as Provas de Rampa com a célebre Prova da Pimenteira em Lisboa;

1925 — Disputa-se a primeira prova de Rali, na cidade de Chaves;

1931 — Nasce o fenómeno dos Circuitos Automóvel que se espalha a todos os pontos do território continental;

1937 — Ribeiro Ferreira é o primeiro português a ultrapassar a barreira dos 200 kms/h na Prova do Quilómetro Lançado do Cabo;

1958 — A Fórmula 1 aparece pela primeira vez em Portugal, no Circuito da Boavista, Porto.

1967 — É organizado o Rali TAP, que se passará a chamar Rali Vinho do Porto e, posteriormente, Rali de Portugal;

1967 — Surge a Fórmula Vê;

1970 — A Fórmula Ford faz a sua primeira aparição em Portugal;

1972 — É inaugurado o Autódromo do Estoril;

1971 — Disputa-se o primeiro troféu de marca em Portugal — Troféu Datsun;

1977 — Organiza-se o primeiro Troféu Mini 1000;

1983 — Surge o Troféu Toyota Starlet;

1984 — Em Outubro deste ano, Portugal acolhe pela primeira vez uma prova do Campeonato de Fórmula 1, no Autódromo do Estoril; Realiza-se o Troféu Citroën Visa;

1993 — É inaugurado o autódromo de Braga.


Os Pioneiros — 1895/1904

Os primeiros tempos do automobilismo não são fáceis para os condutores.

A velocidade que os automóveis atingem, cerca de 30 kms/h, é considerada uma "coisa do diabo." O ruído que produzem assusta pessoas e animais.

A sua mecânica e acessórios são de difícil utilização. Para pôr o motor em marcha, é necessário manobrar várias alavancas e abrir uma série de válvulas. A iluminação é feita através de lanternas ou faróis de carboneto. As rodas são revestidas a borracha maciça, o que torna as viagens muito desconfortáveis. Só mais tarde será generalizado o pneumático.

A forma destes veículos permite apenas viajar em "cima deles" e não "dentro deles", o que obriga ao uso de roupas especiais e adereços de protecção. No princípio do século XX, conduzir um automóvel é uma prova de perseverança e resistência através da qual os seus proprietários demonstram a sua perícia e espírito aventureiro.



Os Veteranos — 1905/1919

Os primeiros automobilistas demonstram a sua capacidade de resistência e a eficiência das suas máquinas realizando "excursões" com os seus automóveis. Nestas viagens, surgem problemas mecânicos e dificuldades relacionadas com a pouca funcionalidade dos veículos. A procura de soluções para estas falhas traz melhorias técnicas e formais, das quais se destacam: a invenção do motor de arranque e a iluminação eléctrica.

A partir de 1913, a produção em massa de automóveis, iniciada por Henry Ford, será determinante para a generalização deste meio de transporte. A circulação aumenta e surgem os primeiros sinais de trânsito.

Em Portugal, o rei D. Carlos e o infante D. Afonso (alcunhado de "arreda" por utilizar esta expressão com particular insistência quando conduz nas ruas da capital) são grandes impulsionadores de actividades e associações ligadas ao automobilismo, como o Real Automóvel Club de Portugal.



Vintages — 1920/1930

As alterações económicas e sociais resultantes da I Guerra Mundial são determinantes para o desenvolvimento do automóvel. A produção em massa e a estandardização utilizadas na fabricação de armamento são aplicadas à indústria automóvel.

Os melhoramentos técnicos e formais são relevantes. As carroçarias, constituídas por uma estrutura de madeira revestida com painéis de aço, são cada vez mais baixas e rentes ao chão. Os travões passam a funcionar às quatro rodas.

Nas décadas de 20 e 30, o automóvel generaliza-se e torna-se muito popular. Ao mesmo tempo, atinge a expressão máxima do luxo e do requinte. Marcas como a Rolls Royce, Bentley, Hispano-Suiza, Bugatti, Delage, Stutz, Duesenberg, entre outras, constróem chassis de grande qualidade, sendo as luxuosas carroçarias executadas por empresas especializadas ao gosto de cada cliente. Estes são os famosos carros que, nos "loucos anos 20", impressionam fortemente o cidadão comum.



Os Salões Automóvel no Palácio de Cristal

O I Salão Automóvel, em Portugal, realiza-se na cidade do Porto, no ano de 1914. A ideia para a sua organização surge em 1913, após a realização do primeiro "Circuito do Minho." No final desta prova desportiva, os veículos que nela participam são expostos na nave central do antigo Palácio de Cristal do Porto.

Esta iniciativa tem um enorme sucesso. A grande afluência de público entusiasma os organizadores da prova, que convidam o gerente do Palácio de Cristal e o Automóvel Club de Portugal a organizar uma exposição anual de marcas de automóveis.

A eclosão da Primeira Grande Guerra, em 1914, vem impedir a realização do evento nos anos que se seguem. A partir de 1922, e até ao início da II Grande Guerra em 1939, o Salão Automóvel do Porto é organizado quase todos os anos no Palácio de Cristal.

Estas grandes exposições de automóveis contribuem decisivamente para a divulgação do automóvel como meio de transporte.



Pós-vintages — 1931/1945

A década de 30 fica marcada por fortes perturbações económicas, políticas e sociais. Com o objectivo de reduzirem os preços, os construtores de automóveis diminuem o número de modelos construídos e prolongam o tempo das séries. Desaparecem as marcas de pequena produção.

Tecnicamente, o automóvel alcança a sua maturidade. A Citroën lança no mercado a famosa série 7 CV, que fica conhecida em Portugal como "arrastadeira." Este modelo comprova a possibilidade de produzir em série automóveis inovadores e de qualidade. Possui tracção dianteira, suspensões independentes com barras de torção, travões hidráulicos e uma estrutura monobloco toda em aço. A sua forma, de linhas baixas, confere-lhe estabilidade e adesão à estrada.

Símbolo de modernidade e bem estar, o automóvel transforma-se numa imagem de evolução tecnológica para as nações que os produzem. As grandes potências europeias, como a Alemanha, a Itália, a França e a Grã-Bretanha, debatem-se pelos primeiros lugares nas provas automobilísticas e conferem à indústria automóvel um carácter fortemente nacionalista.


Pós-Guerra — 1945/1960

A Europa do pós-guerra vai encontrar na indústria automóvel um factor de desenvolvimento económico. Marcas como a FIAT na Itália, a Volkswagen na Alemanha, a Citroën, Peugeot e Renault na França, a Austin e Morris na Inglaterra, vão contribuir decisivamente para relançar os seus países na economia mundial.

Na década de 50, a produção de automóveis em massa será direccionada para a construção de veículos de mecânica simples. A classe média emergente procura pequenos veículos que permitam cada vez maior autonomia e funcionalidade. O VW "carocha", o 2CV, o Renault 4, o Fiat 600 e o 500, o Morris Minor, são exemplos de modelos utilitários de sucesso.

Nos Estados Unidos da América, resultado do boom económico da época, a situação é quase inversa. Os automóveis são cada vez maiores, confortáveis e luxuosos, consumindo grandes quantidades de combustível. As inovações destacam-se nos acessórios, e o design está associado à ideia de styling, uma interpretação exagerada de aerodinâmica. Os famosos "rabos de peixe" de cores alegres transformam-se num dos símbolos do estilo de vida americano.


Os anos 60 — 1960/1974

Os anos 60 são uma época de estabilidade económica. O pleno emprego, o aumento do nível de vida e o consequente apelo ao consumo irão contribuir decisivamente para a massificação do automóvel.

A concepção e produção de pequenos veículos utilitários atinge o apogeu. Automóveis como os Morris/Austin Mini e os Fiat 600 e 500 são fabricados aos milhares.

Na década de 70, começam a surgir as grandes preocupações com a segurança dos passageiros e com a crescente poluição atmosférica provocada pelos gases emitidos pelo escape. O automóvel uniformiza-se, tanto no seu aspecto exterior como no preço, potência e dimensão. A era da evolução espontânea da indústria automóvel tinha chegado ao fim.






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