Conheça a história dos 120 anos da Renault
Em 1980, teve início o então denominado Projeto Renault. Num Portugal acabado de sair de uma revolução, o Projeto Renault foi dos mais estruturantes para o desenvolvimento económico de Portugal. Para além da vertente comercial, integrava duas valências decisivas para o desenvolvimento económico: a implementação de um projeto industrial e o desenvolvimento de uma rede de fornecedores locais para a indústria automóvel.
Indústria automóvel nacional cresceu com a Renault
A Renault Portuguesa, Sociedade Industrial e Comercial, Lda, tornou-se, na década de 80 e início da década de 90, uma das principais empresas do país e, por várias vezes, foi a principal exportadora nacional, através das fábricas da Guarda, Setúbal e Cacia. Mais do que isso, foi decisiva para que Portugal disponha, hoje, de uma indústria automóvel com um significativo peso no Produto Interno Bruto do país. Afinal foi, na época, que nasceu uma nova indústria nacional para servir as necessidades da Renault: a de componentes automóveis!
Mas a história de sucesso da Renault, em Portugal, está também associada ao sucesso comercial. A marca Renault foi líder de vendas em 32 dos 38 anos de presença direta em território nacional. A hegemonia absoluta dos últimos 20 anos confirma a Renault como a marca automóvel preferida dos Portugueses!
Na Europa Ocidental, só em mais dois países é que a Renault tem uma presença tão forte
Hoje, o Grupo Renault em Portugal é um dos 15 maiores exportadores nacionais. Com uma faturação superior a 1,2 M Milhões e a capacidade de gerar 2.000 empregos diretos e 1.800 indiretos (através da Rede de Distribuição com a maior cobertura do país), o Grupo Renault (constituído pelas marcas Renault, Dacia e Alpine) concentra, em Portugal, todas as atividades de um construtor automóvel: desde a Distribuição (Renault Portugal), até à Financeira (RCI Bank) passando pelo Retalho (Renault Retail Groupe), sem esquecer a Indústria (Renault Cacia), num bem-sucedido exemplo de articulação empresarial, apenas encontrado noutros dois países da Europa Ocidental.
O Grupo Renault é importante no contexto económico Português e Portugal é um país importante para o Grupo Renault. Os portugueses têm, inequivocamente, uma relação de proximidade, confiança e simpatia com a Renault.
RENAULT TYPE A (1899)
A Societe Renault Freres, foi
criada em 1899 pelos irmãos Louis, Marcel e Fernand Renault. O primeiro modelo
foi o 1CV, feito em 1898, mas de forma demasiado artesanal. Assim, na história
da Renault, o primeiro carro foi o Type A, um dois lugares com capacidade de chegar
aos 32 km/h e que esteve á venda até 1903. O motor de 1 CV foi substituído por
um de 5 CV em 1904.
RENAULT TYPE K (1902)
Depois de ter vivido desde a
fundação com motores de 1 ou 2 cilindros, a Renault ousou com a chegada do Type
K. Usou, pela primeira vez, um motor de quatro cilindros com 3,1 ou 4,9 litros.
Foi o primeiro carro de competição da Renault – aliás, foi feito para as
corridas – exibindo radiadores de generosas dimensões, colocados de cada lado
do motor e uma carroçaria mínima. Tudo para poupar peso.
RENAULT TYPE BF
(1910)
O desenvolvimento da Renault
ao longo da primeira década do século XX, foi velocíssimo, introduzindo todos
os anos novos modelos com dois, quatro e seis cilindros, sendo o BF um dos mais
emblemáticos, pois tinha um motor 4.4 litros de quatro cilindros, com 20 CV e
uma velocidade máxima de 88 km/h.
RENAULT TYPE JY 18CV
(1922)
Até a Segunda Guerra Mundial,
a Renault usou motores com blocos aos pares ou trios (dois+dois, três+três),
depois, adotou a construção monobloco para os quatro cilindros, até que em 1922
chegou o bloco de seis cilindros para o Type JY. O bloco tem 4,2 litros de
cilindrada que debita 18 CV, tem válvulas laterais, ou seja, as cabeças estão
solidárias com o bloco. O Type JY foi o primeiro carro da Renault a exibir
travões nas quatro rodas.
RENAULT 40 CV TYPE NM
(1926)
O modelo de topo da Renault
no final da década de 20 e a marca francesa usou-o de forma intensa na
competição, nomeadamente nos concursos de velocidade, muito populares na época.
Foi nesse período que nasceu a versão aerodinâmica com motor de 9 litros, com
apenas um banco e rodas de 14 polegadas sem guarda lamas. Para que os
reabastecimentos fossem feitos de forma célere, havia uma equipa de 14 pessoas.
O carro foi capaz de cumprir 80 quilómetros a uma média de 190 km/h. Muito bom
para um carro daquela época e feito a partir de um carro de estrada.
RENAULT JUVAQUATRE
(1938)
Este é o carro que marcou uma
viragem na história da Renault. O Juvaquatre tinha uma construção monobloco, ao
invés de carroçaria aparafusada ao chassis, portas com dobradiças dianteiras e
não abertura no sentido inverso da marcha e suspensão independente no eixo da
frente. O motor era um 1003 c.c. com quatro cilindros, com válvulas laterais, a
debitar 23 CV. Um carro avançado para a época que era oferecido na forma de
sedan e duas portas. Mais tarde foram lançados a carrinha e o comercial. O
carro saiu de cena com a guerra, regressou depois ao mercado, dando tempo á
Renault para preparar o futuro.
RENAULT SUPRASTELLA
(1939)
Após o prático e avançado
Juvaquatre, a Renault ousou e lançou um carro que parecia ter feito a viagem
dos EUA para França. Com um motor de oito cilindros com 5448 c.c., o
Suprastella tinha dimensões generosas para um carro vendido com duas ou quatro
portas e um cabriolet de belo aspeto. Um carro que dificilmente rimava com a
imagem da Renault.
RENAULT 4 CV (1947)
A famosa “Joaninha” era a
resposta francesa ao prático Volkswagen Carocha. O carro tinha um motor
traseiro, com tração às rodas traseiras, tudo embrulhado numa carroçaria
arredondada que podia ser desmontada e montada num minuto. Ao contrário do
Carocha, o “Joaninha” tinha quatro portas, suspensão independente nas quatro
rodas e direção de pinhão e cremalheira. Infelizmente para a Renault, esteve
sempre na sombra quer do Carocha, quer do muito mais prático e simples Citroen
2CV.
RENAULT COLORALE
(1950)
A falta de dinheiro colocou a
Renault num beco com saída incerta: o 4CV não assegurava o fluxo de dinheiro
suficiente, mas não havia “argent” para mais criar novos carros. Solução? Ir à
prateleira e tirar de lá o empoeirado Primaquatre de 1935, dar-lhe uns retoques
e, “voilá”! O quatro cilindros de válvulas laterais com 2.4 litros de
cilindrada também se manteve, até que já em 1953, lá chegou o motor de 2 litros
com válvulas na cabeça, oriundo do Renault Frégate. A necessidade aguça o
engenho… ficou provado com o Colorale.
RENAULT FRÉGATE
(1952)
Com um estilo simples, mas
muito interessante e, sobretudo, apelativo, o Frégate era um carro convencional
e… avançado. Era um avanço interessante face ao 4CV e utilizava o motor de 2.0
litros. Vendido nas versões berlina de 4 portas, cabriolet e carrinha, o
Frégate chegava aos 130 km/h. Foi usado na competição por amadores.
RENAULT DAUPHINE
(1956)
Um modelo icónico da Renault,
o primeiro a conseguir vender mais de dois milhões de unidades em França. Tinha
motor traseiro e tração traseira e um enorme problema de ferrugem, que os
fazia, literalmente, desaparecerem, especialmente se fossem vendidos perto do
mar ou em zonas de clima mais húmido. Tinha características pouco vistas na
época: suspensão dianteira independente e uma unidade hidro pneumática,
opcional, para o eixo traseiro. Equilibrado, prático e acessível, o Dauphine
recebeu versões Gordini que o levavam até aos 160 km/h. Algo extraordinário
para a época.
RENAULT ETOILE
FILANTE (1956)
A mania dos recordes de
velocidade dominou durante anos a mente dos responsáveis das marcas francesas e
não só. Depois de ter lançado o JET1, o primeiro carro com uma turbina alimentada
a gás, a Renault voltou à carga com o Etoile Filante. Enviado para o Utah para
Bonneville, a fim de bater recordes de velocidade, o modelo, equipado com uma
turbina Turbomeca com 280 CV, foi cronometrado a 308 km/h! Um recorde que,
estranhamente, ainda não foi batido!
RENAULT FLORIDE
(1959)
Tendo como embaixadora a
deslumbrante Brigitte Bardot, o Floride conheceu imediato sucesso. Apresentado
nas versões coupé e cabriolet, era elegante e com o motor colocado na traseira.
Porém, foi “muita parra e pouca uva” pois o motor era um minúsculo quatro
cilindros de 845 c.c. com 38 CV que não deixava o elegante Floride ir mais além
dos 117 km/h. Pior só mesmo o comportamento, pois o carro tinha sido desenhado
por alguém que não percebeu que uma curta distância entre eixos, com avanços
dianteiros e traseiros absurdos e um motor, mesmo que leve, pendurado atrás do
eixo traseiro, eram a receita para a desgraça. O carro em curva era
perigosíssimo e os acidentes foram mais que muitos, dizimando uma frota que não
foi muito grande. Por isso é hoje um carro raro.
RENAULT 4 (1961)
Será um dos carros mais
importantes da história da Renault e mesmo do automóvel, pelo menos em França.
Teve a pesada responsabilidade de substituir o vetusto e ultrapassado 4CV,
optando a Renault por uma carrinha de quatro portas muito versátil, simples e
fiável. Acertaram em cheio, pois a “quattrele” vendeu mais nos primeiros quatro
anos de vida que o 4CV em 15 anos de produção! O mais impressionante é que a
Renault foi evoluindo, anualmente, o carro e isso nunca foi percetível, mesmo
quando as mudanças foram maiores e mais substanciais. Começou com um motor de
747 c.c., evoluiu para um 845 c.c. e terminou com um 1108 c.c., da versão GTL.
Chegou á competição e em Portugal mora um Renault 4 com muita história, pois já
fez ralis do Mundial e do Nacional. Pinto dos Santos é o engenheiro de Arganil
que tem essa relíquia e que ainda a coloca em ação em alguns ralis Legend. E é
sempre dos mais aplaudidos! A Renault produziu 8 135 424 exemplares do R4. Impressionante!
ALPINE A110 (1961)
Jean Redelé tinha um conceito
do qual nunca abdicou: um carro não tem de ser muito potente para ser
competitivo, tem de ser muito leve e ágil. Foi assim que conseguiu que a sua
Alpine, fundada em 1955 em Dieppe, conseguisse dominar os ralis franceses e a
nível mundial. Fez isso com aquele conceito e juntando peças oriundas da
Renault. Trabalhando em proximidade com a marca francesa, Jean Redele criou o
A110, a Berlinetta que foi um enorme sucesso. A Renault acabou por comprar a
Alpine em 1973, fechou-lhe as portas em 1995 para a resgatar em 2017 com a
versão moderna do A110, um carro fabuloso. Como o original!
RENAULT 8 (1962)
O último modelo da Renault
com motor e tração traseira foi o 8, célebre pelas suas versões Gordini, muito
velozes e competitivas. Um carro que enfrentava modelos mais potentes e,
amiudes vezes, ganhava. Foi o substituto do Dauphine, tendo o mesmo conceito e
equilíbrio, mas com maior habitabilidade. E sendo mais veloz e equilibrado
graças ao motor de 956 c.c.. As versões Gordini são amplamente procuradas, mas
raras, mais as equipadas com os motores de 1255 c.c. que a com bloco 1108 c.c..
O R8 Gordini chegava aos 170 km/h.
RENAULT CARAVELLE
(1962)
Na essência, era o mesmo
carro que o Floride, mas agora com o motor do R8 e, mais tarde, o bloco 1108
c.c. do R8 Gordini. Ou seja, andava muito mais depressa, mas continua a curvar
horrivelmente, pelo que o destino dos Caravelle foi o mesmo dos Floride.
RENAULT 16 (1965)
Um enorme passo em frente da
Renault, com um carro espaçoso, bem pensado e com características avançadas. O
Renault 16 foi uma verdadeira pedrada no charco, com ondas de choque que se
mantiveram durante anos. O seu avanço era tal que se manteve em produção
durante 15 anos, com números de vendas impressionantes. Um carro que ficou
popular pelo seu conforto – proporcionado pelas suspensões moles – e pela sua
enorme versatilidade. Hoje é normal um carro ter um portão traseiro e bancos
rebatíveis, mas há 54 anos… nem por isso. Além disso, era tecnicamente avançado
com suspensões independentes nos dois eixos, discos de travão á frente e muitas
outras coisas que deixaram um padrão para o futuro. Não faz parte dos clássicos
mais procurados, parecendo, mesmo, esquecido na bruma do tempo. Porém, é um
carro que ainda hoje dá gozo conduzir e na versão TS tinha um motor poderoso
que permita-lhe andar a velocidade impensáveis. Mais um marco na história da
Renault.
RENAULT 10 (1967)
Poderá já estar a dizer que
este, sim, este é que é o último Renault com motor traseiro – poderia dizer-lhe
que o último foi o Twingo ou o Alpine… – mas não é verdade. Isto porque o R10
não era mais que um R8 com a frente e a traseira esticadas. Tudo para oferecer
um pouco mais de espaço na bagageira e maior refrigeração no berço do motor. O
motor escolhido para o R10 foi o 1108 c.c. do R4 e do R8 Gordini.
RENAULT 12 (1970)
Novo passo de gigante para a
Renault, desta feita com um carro que colocou a marca do losango no “coração”
do mercado, no meio dos modelos mais vendidos na Europa. Oferecido nas versões
berlina e carrinha, o R12 acabou por ser o “cavalo de Tróia” que fez reviver a
Dacia e que a tornou parte da Renault anos mais tarde. O Renault 12 tinha como
motor um bloco de 1289 c.c. e recebeu uma versão Gordini, rara e muito procurada.
Foi sendo evoluído, mas nunca foi um carro que se afastasse muito daquilo que
foi o desenho e a definição inicial.
RENAULT RODEO (1970)
Ah! os loucos anos 70…
Lembram? Havia todo o tipo de “buggy” feitos com base nos VW Carocha (o chassis
separado da carroçaria ajudava à “festa”). Mas havia, também, o Mini Moke e a
Citroen lançou o Mehari. A Renault não quis ficar fora da foto e lançou o seu
“carro palhaço”, chamado Rodeo. Não escondia a inspiração, quase cópia, do
Mehari da Citroen e tinha como base o Renault 4, tendo uma carroçaria de
plástico mal amanhada e uma capota ainda mais mal amanhada. Houve outro modelo
Rodeo, mas tendo por base o Renault 6 e exibindo uma variante 4×4.
RENAULT 6 (1971)
Seguindo aquilo que já tinha
feito com outros modelos como o R8 e o R10, a Renault pegou na R4 e num
escantilhão, e deu-lhe uma forma maior, vendendo-o como Renault 6 e
conceitualmente como um Renault 16 mais pequeno e com motores menos potentes
(845 e 1108 c.c.). Tinha uma carroçaria que tinha muitas semelhanças com o
conceito do R16. Não é um carro procurado pelos colecionadores e está,
praticamente, extinto.
RENAULT 15 E 17
(1972)
A concorrência para a qual
foram preparados não era fácil: Ford Capri, Opel Manta, Vauxhall Firenza,
enfim, um grupo de ilustres que o Renault 15 e o 17 enfrentaram. A base era o
Renault 12, nasceram para oferecer algum brilho à gama da casa francesa. O
estilo não era uma grande referência e se o R15 tinha motores de 1289 e 1565
c.c., o R17 oferecia três hipóteses: 1565, 1605 e 1647 c.c.. Não conheceram
grande fulgor e praticamente desapareceram.
RENAULT 5 (1972)
Vendeu 5,5 milhões de
unidades da primeira geração! Belo cartão de visita, não?! Desenhado tendo em
mente o espaço interior e a praticabilidade, o R5 tinha um estilo simples, mas
jovem e atraente, tinha excelentes níveis de conforto e tinha performances
razoáveis. Era oferecido com motor 845 e 956 c.c., conheceu versões Alpine e
Alpine Turbo, altamente valorizadas e procuradas devido á raridade. As versões
Alpine tinham um motor de 1397 c.c. com 95 CV.
RENAULT 30 (1975)
Foi a primeira vez que a
Renault decidiu entrar no segmento executivo. Não tinha nenhuma experiência nem
motores nobres e por isso nasceu o R30 equipado com um motor V6 de 2.7 litros,
desenvolvido pela Peugeot e pela Volvo a que se juntou, depois, a Renault (o
conhecido motor PRV V6), com 145 CV, apenas. O modelo era espaçoso, confortável
e tinha uma capacidade de fazer quilómetros de forma incansável. Mais tarde
surgiu o Renault 20, exatamente o mesmo carro, mas com um motor de 4 cilindros,
com um apetite mais controlado e algumas falhas no equipamento, como a direção
assistida e os travões traseiros de tambor. O preço acabou por lhe oferecer a
fatia maior das vendas, ainda assim, poucas.
RENAULT 14 (1977)
Anónimo e sem grandes pontos
de destaque, o Renault 14 é, porém, um carro muito importante para a Renault.
Porquê? Até ao R14, todos os carros da Renault tinham os motores em posição
longitudinal, mesmo os de tração dianteira. A partir daqui os blocos passaram a
estar colocado de maneira transversal, oferecendo mais espaço interior. O
pequeno 4 cilindros com 1218 c.c. aninhava-se na frente do R14 e havia espaço
para lhe colocar a roda suplente em cima. É outro modelo importante para a
Renault, mas que está praticamente extinto.
RENAULT 5 TURBO
(1980)
Apareceu à socapa como
protótipo no Salão de Paris de 1978, parecia impossível de chegar à produção. A
verdade é que a Renault ousou produzir aquele carro com motor turbo colocado
onde antes estavam os bancos traseiros, com alargamentos delirantes. O motor
era o quatro cilindros de 1397 c.c. sobrealimentado que debitava 160 CV e
chegava aos 200 km/h. A tração era ás rodas traseiras através de uma caixa de
cinco velocidades, pesava apenas 975 quilogramas e era uma máquina fabulosa.
Hoje é uma peça de coleção e na competição, ganhou o Rali de Monte Carlo.
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