Renault 4CV
O Renault 4CV nasceu quase na clandestinidade durante a Segunda Guerra Mundial. Em 1942, o escritório de design da marca francesa tinha sido forçado à inactividade pela ocupação alemã e, durante esse período, o director de estilo do construtor, Fernand Picard, começou a trabalhar em vários protótipos, juntamente com Charles-Edmond Serre e Jean-Auguste Riolfo. Um desses novos conceitos foi o do modelo que haveria de originar o 4CV.
O projecto, porém, só avançaria após o fim da guerra, tendo a “luz verde”
para a sua produção partido do então administrador da Renault, Pierre
Lefaucheux (que sucedeu a Louis Renault, acusado de colaboracionismo com os
nazis e falecido em Outubro de 1944, com 67 anos).
No 33º Salão automóvel de Paris de 1946 é exibido o pequeno modelo,
apelidado de 4CV (por ter quatro cavalos fiscais).
A produção do “quattre pattes”, como foi também chamado no seu país de
origem, inicia-se em Agosto de 1947, tendo sido muito bem acolhido pelo
público, ao ponto de se ter conseguido atingir, em 1950, uma invulgar cadência
de produção para o tempo de 300 unidades/dia. O veículo era o modelo certo para
o pós-guerra, um utilitário económico com motor de quatro cilindros de 760 c.c.
(montado atrás), de quatro portas e para quatro pessoas.
Em Portugal, o modelo recebeu a alcunha de “Joaninha”, devido ao formato da
sua carroçaria ser, de alguma forma, parecido com o inseto joaninha, de resto,
à semelhança do que aconteceu com o VW Beetle que, por cá, ficou conhecido como
Carocha.
Durante o seu ciclo de vida, foram três as séries do
4CV: a 1060 (de Agosto de 1947 a Setembro de 1950), a 1062 (a partir de
Setembro de 1950) e a rara série 1063 (com 32 CV e da qual foram feitos 80
exemplares com um bloco de 747 c.c. para poder participar em competições
desportivas na categoria de até 750 c.c., como o Rallye des Tulipes, a Coupe
des Alpes, o Tour de France, Le Mans e Monte Carlo).
Com a série 1062, o painel de instrumentos é reformulado, uma barra
estabilizadora passa a ser incluída em todas as versões do 4CV e a potência do
motor é aumentada para 21 CV, permitindo uma velocidade máxima de 103 km/h, em
vez dos originais 17 CV que fixavam a velocidade de ponta nos 90 km/h.
O modelo foi-se apresentando ao longo da sua existência em diferentes
níveis de acabamento, Normale, Luxe, Grand Luxe, Sport, Comercialle, Affaires,
Service e Decouvrable.
Em 1954, a grelha com seis barras horizontais passa a contar apenas com
três (e apenas uma barra, no 4CV Affaires).
Em 1956, passa a estar disponível como opção a embraiagem automática Ferlec
e a potência sobe para 26 CV.
No final de 1958, o 4CV torna-se a primeira viatura francesa
a ultrapassar o milhão de exemplares produzidas. O fabrico do modelo haveria de
cessar a 6 de Julho de 1961.
Chegava a
altura de a Renault começar a produzir um novo modelo, o “4 L”.
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