Boca de Sapo
A DS está de parabéns, já que um dos seus modelos, o “Boca
de Sapo”, comemora o seu 65º aniversário. O DS (denominação oficial) foi o
modelo da Citroën que deu nome à divisão, e posteriormente à marca (a partir de
2014), mais luxuosa do fabricante francês.
O primeiro DS da história foi um marco na indústria automóvel
mundial e superou incontestavelmente o seu antecessor, o também inovador
Citroën 11. Os motivos? Em primeiro lugar, uma carroçaria aerodinâmica e muito
futurista para a época. Tinha a forma de gota de água e foi obra de Flaminio
Bertoni, o célebre designer de automóveis italiano que criou alguns dos Citroën
mais atrevidos e de maior êxito, como o 2CV ou o AMI-6 Sedan.
Não só a sua carroçaria rompia as convenções de meados dos
anos cinquenta. O mesmo se passava com o interior. O habitáculo não tinha túnel
de transmissão, o que permitía disponibilizar um piso plano e muito espaço.
Isto levou a que este automóvel fosse descrito na sua época como um “salão para
os passageiros da frente”.
Na parte mecânica ainda haviam mais inovações:
tração dianteira, suspensão hidropneumática com corretor automático da altura
ou as servo-assistências da direção e a dos travões. Além disso, a direção
assistida, os faróis e a embraiagem estavam reunidos no mesmo sistema
hidráulico. Graças à inovadora suspensão, o automóveis mantinha-se a direito
depois de um furo de uma das suas rodas, evitando que o automóvel perdesse
altura ao solo e descaisse sobre a mesma.
O
Citroën DS ‘Boca de Sapo’ foi uma autêntica revolução para a época. Apesar do
seu fabrico ser caro e da produção em série ter custado a arrancar, a procura
de unidades era brutal. A primeira prova de que o automóvel seria um enorme
êxito de vendas foi dada pelas 12 mil unidades reservadas nas 24 horas
seguintes à sua apresentação oficial no Salão de Paris de 1955.
Em toda a sua carreira comercial, de 1955 a 1975, o Citroën DS chegou a vender
mais de 1,5 milhões de unidades em todo o mundo. Teve uma renovação em 1968,
com a introdução de novas aletas nos faróis duplos direcionáveis. Além disso,
também foi aumentando progressivamente a sua cilindrada, potência e sistema
hidropneumático melhorou. Do DS saíram versões coupé e descapotáveis, embora a
berlina de quatro portas original fosse a mais procurada.
O
DS que evitou um assassínio
O DS
“Boca de Sapo” marcou um época em França e em mais países europeus. Era um
automóvel para classes acomodadas, elegante, cómodo e com uma estupenda
mecânica. Tanto que foi o automóvel eleito pelo general Charles de Gaulle,
presidente da República Francesa (entre 1959 e 1969), para as suas viagens
oficiais. Numa delas foi alvo de um atentado terrorista, saindo ileso graças à
perícia do seu motorista e à suspensão hidropneumática, que manteve o automóvel
estável para poder embora, embora com as rodas furadas pelos disparos dos
assaltantes.
Além de
proteger o presidente francês, também fez as suas aparições na competição,
ganhando ralis tão prestigiantes como o Montecarlo e também o Campeonato
Europeu de Ralis. Em 1999, o “Boca de Sapo” foi considerado como o terceiro
melhor automóvel do Século XX, nos prémios ‘O Automóvel do Século’ da revista
Classic & Sports Car, atrás do Volkswagen Carocha e do Mini.
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