1982 - Sado 550
Aos olhos de muitos de nós, portugueses, a nossa industria automóvel é resumida a uma, talvez duas marcas de pequeno ou médio sucesso. A realidade é que a nossa industria é quase tão antiga quanto o automóvel em si. Hoje, um conhecido por muitos de nós, o Sado!
O Sado à conquista do País.
Durante este período pós-25 de Abril, o automóvel voltou a ser um tópico no
desenvolvimento industrial nacional. Sem as imposições que terminaram a
história do AGB e do IPA, a ideia de construir um micro-carro para o povo
ressurgiu. Em 1975, através do Grupo Entreposto, é lanado o Projecto Ximba,
projecto que durou 3 anos e tinha como objectivo construir um veículo
“económico, utilizando material nacional e que pudesse interessar àqueles que
faziam pequenas deslocações em zona urbanas e suburbanas”.
Durante esses 3 anos, diversos motores de motociclos foram testados mas a
conclusão é que o motor necessitaria de ser maior e mais potente, no fim sendo
escolhido o motor 547 da Daihatsu. Mas durante esses 3 anos, não foram só para
testar motores, durante esse tempo a equipa concluiu que o melhor chassis seria
tubular em aço e que a carroçaria seria em poliéster, reforçada a fibra de
vidro, o que garantia rigidez, residência à corrosão e economicamente fiável em
termos de produção.
É com a ajuda de Carlos Galamba, que surgiria um micro-carro de linhas
retas, dois lugares e 4 rodas, o Sado 550, o derradeiro carro português. O
carro foi desenvolvido para o mercado português dos anos 80 e 70% da produção
era nacional, incluido a mão-de-obra.
Este veículo é, na realidade, um automóvel que antecipa em muito, o Smart
da Mercedes-Benz. O seu motor “elástico” e o seu baixo peso permitiam o Sado
andar sem esforço nas zonas mais íngremes do nosso país. O seu pequeno tamanho
permitia que fosse estacionado em praticamente qualquer lugar e a sua bagageira
apesar de ser pequena longitudinalmente, era de grande arrumação vertical. No
interior, apesar de pequeno. era bastante espaçoso em comparação com muitos
outros veículos no mercado. O Sado era conhecido pela sua excelente
visibilidade devido à sua extensão vertical que ajudava ao estacionamento.
O Sado viria a ser lançado em 1982, e rapidamente o seu primeiro stock se
esgotou. 50 viaturas. Mas rapidamente após vários testes de homologação, já
feitos depois da venda das primeiras unidades, o Sado 550 começou a deparar-se
com os primeiros problemas. Apesar do baixo custo e relativa facilidade em
produzir, a falta de planeamento por parte da Entreposto, assim como a
ainda-maior facilidade em simplesmente montar automóveis no nosso país, levaram
o Sado a falhar como muitos outros projectos anteriores. Ainda houve uma tentativa
de desenvolver uma variante do Sado em comercial de cargas, o Datsun Sado mas
este projecto acabaria por cair com o Sado 550.
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