Acção sobre o carro e similares antigos incluído aviação são temas lúdicos que contribuíra de forma importante e concretizada os objetivos deste blogue
A AVIAÇÃO PIONEIRA
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A AVIAÇÃO PIONEIRA NOS CÉUS POTIGUARES – DOS PRIMEIROS RAIDS AO INÍCIO DA AVIAÇÃO COMERCIAL
Localização estratégica de Natal,
nas rotas aéreas entre as Américas e os continentes africano e europeu,
chamou atenção dos pioneiros da aviação. Cidade foi base para aventuras e
rotas comerciais.
Autor – Rostand Medeiros Publicado originalmente no jornal Tribuna do Norte, Natal, Rio
Grande do Norte, edição de domingo, 26 de janeiro de 2014. Mas o
presente artigo que apresento está completo e não foi colocado desta
maneira no jornal por questões de espaço.
Não existem dúvidas que a história do voo é a história de um sonho: o
sonho dos homens de voarem através dos céus como pássaros. Não existem
dúvidas que a história do voo é a história de um sonho: o sonho dos
homens de voarem através dos céus como pássaros.
Pintura
do holandes Jacob Peter Gowi, denominada “A queda de Ícaro”. Do século
XVII, se encontra no Museu do Prado, Madrid e retrada o antigo sonho do
homem de voar através da história da fuga de Ícaro e Dédalos.
Este sonho vai se concretiza utilizando tecnologias revolucionárias,
que culminam na invenção do avião. Este momento da história inaugura o
período onde os humanos não estariam definitivamente mais ligados à
superfície da Terra. Foi o início de uma viagem onde a pura alegria de
voar capturou a imaginação de muitos. Logo a vontade ir além do
horizonte crescia. Seguir pelo vasto céu azul, atravessar milhares de
quilômetros de terra, superar montanhas e, da mesma forma como fizeram
os antigos navegadores, cruzar os oceanos passou a ser o objetivo e o
desejo nas mentes dos primeiros aviadores. Para muitos este desejo era
pura aventura, busca de reconhecimento, notoriedade, ou simplesmente
porque deveria ser feito. Mas para outros aviadores havia um lado
prático; a busca de pontos estratégicos para encurtar distâncias entre
os continentes e ganhar dinheiro voando.
E é neste ponto que Natal, uma pequena capital localizada na porção
nordeste do Brasil, vai despontar para o mundo da aviação como um dos
mais importantes e estratégicos pontos de apoio para aquele novo
empreendimento da aventura humana. A primeira indicação do RN como ponto de apoio
Pouco depois das primeiras aeronaves deixarem o solo, o desejo dos
aviadores de vencer as distâncias, principalmente sobre os oceanos, era
noticiado em Natal. Na edição de 5 de abril de 1910, do jornal natalense
A República, vemos a reprodução de um artigo de uma revista inglesa
onde era debatido o futuro da aviação.
Mapa do Rio Grande do norte e dos estados vizinhos no início do século XX
Entre posições positivas e negativas, já era exposto que o seu
desenvolvimento logo iria proporcionar a “travessia entre o Velho e o
Novo Mundo pelo ar” e que isso poderia se fazer em “75 horas”. Mas o
debate, a propagação das ideias e o desenvolvimento da aviação são
drasticamente interrompidos com o início da carnificina que foi a
Primeira Guerra Mundial.
5 de abril de 1910, Jornal “A República”
Apesar disso, é inegável que o fim do conflito impulsionou de maneira
extraordinária a aviação. Mesmo com a precária estrutura e potência dos
motores dos aviões existentes, o grande número de máquinas e pilotos
excedente permite o início da exploração de novos horizontes e até mesmo
de rotas aéreas comerciais. Em 23 de outubro de 1918, poucos meses após
o fim da Primeira Guerra, o jornal A República reproduziu uma
reportagem do jornal “O Estado de São Paulo”, onde o Comandante José
Maria Magalhaes Almeida, adido naval brasileiro na Itália e futuro
governador do Maranhão, declarou que ao realizar uma visita oficial a
fábrica de aviões do industrial Giovanni Battista Caproni, este comentou
que tinha o “grande sonho de voar através do Atlântico”.
Gianni Caproni, de terno, na nacele de um de avião fabricado pela sua empresa.
O italiano, conhecido como Gianni Caproni, coletou de Magalhaes
Almeida informações sobre a nossa costa. O plano de Caproni era para uma
travessia aérea em um “colossal hidroplano, entre Serra Leoa (África) e
Rio Grande do Norte ou Pernambuco”. Provavelmente esta foi a primeira
vez que uma pessoa com forte atuação no meio aeronáutico mundial
apontava a importância estratégica da costa nordestina para a aviação.
23 de outubro de 1918, jornal “A República”
Apesar da elite potiguar fazer questão de propagar nos jornais locais
qualquer notícia positiva sobre o nosso estado produzida lá fora,
acredito que ninguém levou a sério a informação do Comandante Magalhaes
Almeida.
Provavelmente colocaram a possibilidade de um aeroplano Caproni
chegar a nossa região voando sobre o Oceano Atlântico apenas no campo
dos sonhos. A 1ª aeronave em céus potiguares
Mas, lá fora, a aviação progredia.
A primeira travessia aérea do Atlântico Sul foi concluída com sucesso
em 17 de junho de 1922, pelos aviadores portugueses Gago Coutinho e
Sacadura Cabral, como parte das comemorações do primeiro centenário da
independência do Brasil. Os lusos realizaram a travessia oceânica
cobrindo uma distância de 1.890 milhas com muitas dificuldades, onde
tiveram que utilizar três aeronaves.
Sacadura Cabral e Gago Coutinho em 1922
Os aviadores portugueses não passaram por Natal e seguiram de Fernando de Noronha direto para Recife.
Apesar da frustração por não receberem a dupla Coutinho/Cabral, no
dia 21 de dezembro de 1922 os potiguares viram pela primeira vez uma
aeronave sobrevoar sua terra. Era um hidroavião biplano Curtiss H 16,
batizado como “Sampaio Correia II” (o primeiro fora destruído em Cuba,
sem ferimentos nos aviadores). A tripulação era de cinco pessoas. O
piloto era o oficial da marinha americana Walter Hinton e o copiloto era
Euclides Pinto Martins, um cearense de Camocim, que havia morado no Rio
Grande do Norte e aqui tinha muitos amigos.
O
norte americano Walter Hinton e o cearense Euclides Pinto Martins,
piloto e copiloto do hidroavião “Sampaio Correia II”, a primeira
aeronave a voar sobre o Rio Grande do Norte
O “Sampaio Correia II” tocou as águas do rio Potengi as 12:45,
atracando no Cais Tavares de Lyra, diante da aclamação popular e muitas
homenagens prestadas pelas autoridades do Estado. Pelo fato de Pinto
Martins ser conhecido em Natal, muita gente pensou que o cearense iria
ficar aqui algum tempo com seus amigos, participando de inúmeras
homenagens típicas da época. Mas o “Sampaio Correia II” partiu no dia
posterior a sua chegada, ás sete da manhã, sem dar muitas satisfações ao
povo natalense.
Entretanto Hinton e Pinto Martins não deixaram a terra potiguar tão
rapidamente como desejavam. Perceberem falhas em um dos motores da
aeronave e tiveram de amerissar no mar, próximo a comunidade de Baía
Formosa. Analisado o motor descobriram que algumas engrenagens estavam
irremediavelmente danificadas e tinham que ser substituídas. Só
conseguiram o conserto das peças em Pernambuco, mais exatamente em
Recife.
O hidroavião decolou dias depois de Baía Formosa rumo a Recife.
Existe a informação que a saída da aeronave foi realizada com muitas
dificuldades e, aparentemente, gerou uma nova pane que os forçou descer
em Cabedelo, já na Paraíba. Ao final o “raid” do hidroavião de Hinton e
Pinto Martins demorou 75 dias para ser concluído no Rio de Janeiro. Pássaros de aço que passam e não param
Apesar do Comandante Magalhães Almeida haver apontado para o italiano
Caproni que as terras potiguares era um ótimo ponto estratégico na
eventualidade de uma travessia aérea do Oceano Atlântico, os potiguares
ficaram um tempo sem testemunhar a passagem de aviões. Só veriam outra
aeronave no ano de 1926.
Mapa do trajeto do hidroavião espanhol “Plus Ultra”
Primeiramente houve uma grande expectativa no mês de fevereiro com a
possibilidade da chegada em Natal do hidroavião espanhol “Plus Ultra”,
comandando por Ramon Franco, irmão do futuro ditador espanhol Francisco
Franco Bahamonde. Mas este e sua tripulação repetiram a rota dos lusos
Gago Coutinho e Sacadura Cabral e seguiram de Fernando de Noronha direto
para Recife, aparentemente sobrevoando o território potiguar sem
tocá-lo.
Os
argentinos do Raid Nova York-Buenos Aires, passaram por Natal e pararam
em na praia de Barra de Cunhaú, município de Canguaretama. Na imagem
aspectos da chegada desta aeronave no Rio de Janeiro
Nas primeiras semanas de julho de 1926 um hidroavião de fabricação
italiana, com uma tripulação argentina e batizado como “Buenos Aires”,
era por aqui aguardado. Eles realizavam um “raid” de Nova York a capital
argentina. Mas a aeronave com seus três tripulantes, comandados por
Eduardo Oliviero, após vários acidentes no trajeto entre Havana e a
região norte do estado do Pará, apenas sobrevoou Natal no dia 11 de
julho, as 11:20 da manhã.
Mas tal como aconteceu com o “Sampaio Correia” não deixou rapidamente
o Rio Grande do Norte. Devido a uma forte tempestade tiveram de
amerissar na região de Barra de Cunhaú. Os aviadores receberam total
apoio do coronel Luiz Gomes, chefe político da cidade mais próxima,
Canguaretama, e só seguiram viagem na manha de 13 de julho. O ano em que tudo mudou
Em fevereiro de 1927 chega a notícia que um hidroavião bimotor
italiano, modelo Savoia-Marchetti S 55, estava atravessando o Atlântico
em direção a capital potiguar. A aeronave havia sido batizada como
“Santa Maria”, tinha como piloto o herói de guerra Francesco De Pinedo,
tendo como companheiros o capitão Carlo Del Prete, e o sargento Victale
Zachetti.
Francesco De Pinedo
Haviam partido do porto de Elmas, Itália, em 13 de fevereiro,
bordejaram a costa oeste africana até Porto Praia, capital da atual
República de Cabo Verde. Somente no dia 22 alçaram voo em direção a
Natal. Mas em Fernando de Noronha houve problemas com a quantidade de
combustível e De Pinedo teve de fazer um pouso de emergência. Foi
apoiado pelo Cruzador “Barroso”, da Marinha do Brasil. No dia 24 de
fevereiro, pelas 7 horas decolavam para Natal.
Foi com um estrondoso repicar dos sinos das igrejas que Natal recebeu
a notícia da partida daquela nave do arquipélago. Logo o comércio, as
repartições públicas, as escolas fecham suas portas e uma multidão
calculada em 10.000 pessoas, vai se aglomerar desde o Cais da Tavares de
Lira, até a então conhecida praia da Limpa, onde atualmente se
localizam a áreas do prédio histórico da Rampa, o Iate Clube de Natal e
as dependências do 17º Grupamento de Artilharia de Campanha.
O “Santa Maria”
No alto da torre da igreja matriz, na Praça André de Albuquerque,
escoteiros estão posicionados, vasculhando os céus com binóculos e
lunetas em busca do hidroavião. No mastro ali existente tremulam as
bandeiras italiana e brasileira. Finalmente, às nove e vinte da manhã,
um ponto é avistado para além da praia da Redinha, ao norte da cidade.
Os escoteiros estouram rojões, novamente os sinos das igrejas repicam e
navios ancorados no porto apitam ruidosamente, deixando Natal em
polvorosa.
O hidroavião sobrevoa a cidade, segue em direção a região do atual
bairro de Igapó, retornando na direção do porto. Vai baixando devagar,
extasiando a todos ao amerissar tranquilamente no sereno rio Potengi.
Apesar de toda pompa e circunstancia com que o aviador foi recebido
em Natal, De Pinedo parecia cansado, com aspecto carrancudo. Mesmo sem
externar maiores emoções típicas dos latinos, em um banquete oferecido
pelo governo estadual, De Pinedo ergueu um brinde de agradecimento à
acolhida efetuada pelos natalenses, à figura heroica do aviador potiguar
Augusto Severo e comentou entre outras palavras que “Natal seria a mais extraordinária estação de aviação do mundo”.
De Pinedo foi o primeiro aviador a se pronunciar publicamente sobre a
positiva condição que Natal possuía para a aviação mundial, sendo este
pronunciamento repetido em diversos jornais nacionais e estrangeiros.
Um italiano realizava o sonho de outro italiano, Giovanni Battista
Caproni, da travessia aérea do Oceano Atlântico entre a África e o
Brasil, tendo a costa potiguar como ponto de apoio.
A vinda de De Pinedo a Natal tornou conhecida a capital potiguar no
cenário da aviação mundial e mostrou ao co-piloto e navegador Carlo Del
Prete, que nesta cidade havia um ponto seguro para receber qualquer
aeronave que desejasse se aventurar a cruzar o vasto Oceano Atlântico. Raids que eram uma festa e entraram para a história
Vinte dias após a passagem do “Santa Maria”, a cidade de Natal recebe
outro “raid” histórico. Era um hidroavião bimotor, modelo alemão
Dornier DO J Wall, batizado como “Argos”. A nave pertencia ao governo
português, era pilotado por José Manuel Sarmento de Beires, um major do
exército, que tinha como auxiliares os militares e patrícios Jorge de
Castilho e Manuel Gouveia.
Da esquerda para direita temos Sarmento de Beires, Castilho e Gouveia, os portugueses do “Argus”
Seu feito foi haver realizado a travessia Atlântica à noite.
Decolaram de Bolama, na atual Guiné Bissau, às 17 horas do dia 12 de
março de 1927 e pousaram em Fernando de Noronha na manhã do dia 18, uma
sexta feira, por volta das 10:15. A parada no arquipélago foi rápida e
às 12:55 o hidroavião português já evoluía várias vezes sobre Natal.
Depois amerissaram no rio Potengi e prenderam seu hidroavião em boias
defronte á pedra do Rosário.
Foram recebidos com muita atenção pela população de Natal. Os
aviadores lusos estiveram em várias recepções. A mais importante foi no
palacete do comerciante Manoel Machado, o mais abonado da cidade naquela
época e nascido em Portugal. No domingo, dia 20 de março, pelas oito da
manhã o “Argos” partiu. Em Recife, em uma entrevista ao Diário de
Pernambuco, Beires declarou que “Natal era um excelente ponto para aviação”.
Hidroavião da esquadrilha Dargue
No mesmo dia da partida do “Argos”, mas por volta das quatro da
tarde, de uma maneira um tanto surpreendente para grande parte da
população de Natal, surgem sobre as dunas do Tirol três hidroaviões
monomotores pintados de azul escuro e amarelo. Estes realizaram um voo a
300 metros de altitude sobre a Natal de pouco menos de 40.000
habitantes e amerissaram tranquilamente no rio Potengi. Era a
esquadrilha comandada pelo Major Herbert Arthur Dargue, que havia
partido dos Estados Unidos ainda no ano anterior e percorria toda a
costa da América Latina.
Oficialmente a esquadrilha era denominada Pan-American Goodwill
Flight, sua equipe original era composta, além do major Dargue, de três
capitães e seis primeiros tenentes. Todos vinham acomodados em cinco
hidroaviões modelo Loening OV-1 e cada aeronave havia sido batizada com o
nome de uma grande cidade americana.
Este
Loening OV-1, o “San Francisco”, que esteve em Natal em 1927, está
preservado no Smithsonian’s National Air and Space Museum, em Washington
D. C.
Haviam partido de Kelly Field, no Texas, no dia 21 de dezembro de
1926 e progrediram de forma relativamente lenta em direção sul. Tinham
como missão levar mensagens de amizade dos Estados Unidos para os
governos e os povos latino-americanos, promover a aviação comercial dos
Estados Unidos na região e forjar rotas de navegação aérea através das
Américas. Extra oficialmente esta esquadrilha voava para “mostrar a
estrela” abaixo de suas asas. Ou seja, demonstrar aos países abaixo da
fronteira sul dos Estados Unidos a capacidade e alcance de seu aparato
aéreo militar.
Major Herbert Arthur Dargue. Morreu durante a Segunda Guerra Mundial
Sobrevoaram a costa do Oceano Pacifico desde o México a Argentina,
sempre em meio a muitos festejos. Em Buenos Aires, durante uma
apresentação no aeroporto de Palomar, dois hidroaviões se chocaram em
voo e caíram. Um capitão e um primeiro tenente morreram no desastre.
Deste ponto as aeronaves da marinha americana seguem em direção norte,
acompanhando a costa Atlântica da América do Sul. Em decorrência do
acidente trágico na Argentina voam de forma discreta, sem festividades
nas suas paradas. Além disso, os jornais de Natal haviam sido informados
que estas aeronaves não amerissariam no rio Potengi, seguindo de Recife
direto para São Luís do Maranhão. Por isso houve tanta surpresa na
capital potiguar no domingo, 20 de março de 1927.
General
Ira C. Eacker, comandante da 8th Air Force, a grande força de bombardeiros americanos baseados na Inglaterra durante a II Guerra, era
um dos membros da Esquadrilha Dargue e esteve em Natal em 1927
A viagem do Pan-American Goodwill Flight como ficou conhecido, foi
amplamente divulgado na época, com cobertura de primeira página em todos
os principais jornais dos Estados Unidos e de outros países, durante
quase todos os dias do trajeto aéreo. Em outubro de 1927 a conceituada
revista National Geographic dedicou 51 páginas para o épico voo. Na
edição de 22 de março de 1927 do jornal A Republica, o Major Dargue foi
entrevistado pelo engenheiro agrônomo Octavio Lamartine, filho do
político Juvenal Lamartine, que por realizar uma especialização na
Universidade de Geórgia, Estados Unidos, dominava perfeitamente o idioma
inglês. O oficial aviador americano declarou entre outras coisas que “Natal era um ponto ideal para a aviação”.
Para ele a posição geográfica da cidade, o clima e a condição do rio
Potengi para os hidroaviões apontavam que a capital potiguar viria a ser
“Necessariamente uma base intercontinental de aviação mundial”.
No
centro da foto vemos o general Muir S. Fairchild, membro da Divisão de
Planos Estratégicos em Washington durante a II Guerra e outro membro da
Esquadrilha Dargue em Natal no ano de 1927
Em pouco mais de 15 anos, com a implantação da grande base americana
de Parnamirim Field, as palavras do Major Dargue se tornaram
verdadeiras.
Interessante comentar que dois dos comandados de Dargue que estiveram
em Natal, o então Capitão Ira Clarence Eaker e o Primeiro Tenente Muir
Stephen Fairchild, se tornaram oficiais generais de extrema relevância
durante a Segunda Guerra Mundial. O primeiro foi comandante da 8º Força
Aérea de bombardeiros, onde muitos dos seus quadrimotores B-17 e B-24
passaram por Natal a caminho de bases na Inglaterra, de onde atacavam
com suas bombas o coração do Terceiro Reich. Já o outro foi um renomado
membro da Divisão de Planos Estratégicos em Washington, um dos grandes
planejadores das ações aéreas americanas e que certamente deve ter
opinado sobre a construção de uma grande base aérea em Natal durante
aquele conflito. Um voo que nunca chegou e outro que marcou
Os próximos “raids” a passarem por Natal é uma grande marca na
história aeronáutica brasileira e da aviação mundial. Enquanto isso, o
que não faltava nos céus de todo o planeta eram aeronaves realizando
“raids”.
O
aviador norte americano Charles Lindbergh. Ele esteve em Natal na década de 1930, realizando um Raid em um hidroavião monomotor, junto com
a sua esposa
Pretendendo a travessia do Atlântico Norte estava os franceses
Nungesse e Coli, com o seu avião batizado “Pássaro Azul”. Da Inglaterra
os Tenentes Carr e Gilman preparavam o voo que ligaria a Inglaterra a
Índia. Da Espanha chegavam notícias da volta ao globo pretendia por Ruiz
Alba e Padelo Roda e voando de New York para Paris, buscando ganhar um
prêmio no valor de 25.000 dólares, havia um desconhecido piloto chamado
Charles Lindbergh.
O “Jahú”
O Brasil estava em uma extrema expectativa com o voo através do
Atlântico Sul do hidroavião brasileiro “Jahú”. Era um aparelho Savoia
Marchetti S-55, de fabricação italiana, comandado por João Ribeiro de
Barros, paulista da cidade de Jaú. Tinha como companheiros João Negrão,
Vasco Cinquini, e o Capitão Newton Braga. Em meio a inúmeros problemas,
que incluíram inclusive sabotagem, o “Jahú” decolou às quatro e meia da
manhã, do dia 28 de abril de 1927, de Cabo Verde. Os natalenses e
pessoas de várias cidades dormiram nas calçadas dos jornais, aguardando
notícias. Somente no dia seguinte, soube-se que o “Jahu”, pelas 17:30,
amerissou a 100 milhas de Fernando de Noronha. Natal aguardava com
ansiedade o brasileiríssimo “Jahú” e, enquanto ele não vinha, foi
noticiado que outro voo estava programado para chegar a Natal e desta
vez a nave viria pilotada por um nobre francês: o capitão Pierre Serre
de Saint-Roman, filho do Conde de Saint-Roman e sua ideia era vir a
América do Sul para percorrer 52 cidades do continente e a primeira
seria Natal.
O aviador francês Pierre Serre de Saint-Roman, aquele que nunca chegou a Natal
Os momentos iniciais do voo de Saint-Roman foram atribulados. Talvez
por ele possuir apenas 250 horas de voo como experiência anterior a um
salto sobre o Atlântico. Talvez pelo seu avião Farman F.60 Goliath, um
biplano bimotor, batizado como “Paris-Amérique-Latine” e concebido
originalmente como bombardeiro, não ser a nave ideal. Em todo caso, ele e
mais dois companheiros decolam de Saint-Louis (Senegal), no dia 5 de
maio de 1927, às seis da manhã. Em Natal muitos imaginam que Saint-Roman
vai chegar primeiro que o “Jahú”, mas o “Paris-Amérique-Latine” e seus
tripulantes jamais foram vistos novamente. Somente no dia 29 de junho,
restos do avião de Saint-Roman foram encontrados entre o Maranhão e
Pará, bem distantes da rota planejada pelos aviadores desaparecidos.
Apesar da competitividade reinante entre os voos do “Jahú” e do
“Paris-Amérique-Latine”, percebe-se lendo os jornais da época que Natal
sentiu o desaparecimento do avião francês.
O
“Jahú”, um hidroavião Savoia-Marchetti S.55, o último de seu modelo no
mundo, atualmente se encontra no Museu de aviação da TAM, em São Carlos,
São Paulo
Mas logo ele seria esquecido com a triunfal chegada do “Jahu”.
Os pilotos brasileiros partiram de Fernando de Noronha no dia 14 de
maio e por volta das 13 horas ouviu-se o crescente ronco dos motores e
uma silhueta vermelha surgiu no horizonte vindo do mar. A chegada desta
aeronave a capital potiguar foi algo marcante na população local.
Dois meses depois, em 18 de julho de 1927, Natal foi surpreendida com
a chegada de uma aeronave de rodas, um autêntico avião. Ele era
francês, biplano monomotor, do tipo Breguet, e pertencia a uma empresa
comercial francesa chamada Latecoère. Percorriam o litoral brasileiro em
busca de locais para construção de campos de aviação para uso
comercial, através de um convênio com o governo brasileiro para fazer o
transporte do correio internacional.
Paul Vachet no centro da foto
O problema era que o biplano só poderia aterrar em um campo de pouso,
que não existia ainda na cidade e o piloto Paul Vachet, acompanhado de
Dely e Fayard, aterrissou na praia da Redinha.
Com eles, começou a aviação comercial em Natal e a aventura de voar, aos poucos, foi ficando no passado.
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